O CEMITÉRIO DOS VIVOS: LOUCURA E LUCIDEZ NA EXPERIÊNCIA MANICOMIAL DE LIMA BARRETO.

ADELIANA ALVES BARROS

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

Da análise acerca da experiência com a loucura do escritor Lima Barreto como interno do Hospício Nacional de Alienados no Rio de Janeiro no começo do século XX, busca-se refletir, a partir da perspectiva da história social, o dia a dia do louco no espaço asilar visto pelo escritor como um lugar para indigentes que sentiam a morte de perto e que viviam na treva absoluta. O escritor retratou o seu tempo com profundo espírito crítico, pondo o social sob juízo, avaliando e denunciando o saber e as práticas da medicina alienista, que no período voltava- se à normalização e ao controle do social através de discursos pautados na justificativa da razão e da moral. A partir de suas duas internações no hospício, a primeira de 18 de agosto a 13 de outubro de 1914 e a segunda de 25 de dezembro 1919 a 02 de fevereiro de 1920, pretende-se compreender as especificidades do seu olhar por meio de seus testemunhos sobre a loucura expressos nas obras "Diário do hospício" (Autobiográfico/ 1920) e "O cemitério dos vivos" (Romance/ 1921). Além da documentação produzida pela instituição (prontuários) sobre a internação do escritor, arquivadas na Biblioteca Pública de Psiquiatria da UFRJ, que apresentam-se como essenciais para analisarmos a experiência de Lima Barreto com a loucura a partir do olhar do saber especialista. Perceber como tais sujeitos se relacionam e reagem ao ambiente social do hospício, alcançando a experiência individual, incorporada à problemática histórica, agregando à nossa análise a fala do próprio louco, tentando perceber o quanto e como os escritos de Lima Barreto sobre sua experiência podem contribuir para a escrita da história sobre a loucura.

Palavras-chave: Lima Barreto-loucura-experiência-escrita de si.