“A FUNÇÃO DA BRASILEIRA É SER PARASITA” - EDUCAÇÃO E SENSIBILIDADE NOS ESCRITOS DE FRANCISQUINHA AMORIM

REGINA COELLI GOMES NASCIMENTO

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

Neste artigo problematizamos o exercício de leitura e escrita feminina na cidade de Campina Grande - Paraíba a partir dos escritos da professora Francisquinha Amorim  em artigos publicados na Revista Evolução, produzida pelo Instituto Pedagógico Campinense (IPC) A leitura dos artigos  permite acompanhar problemáticas sobre o cotidiano da cidade no início dos anos 1930. Em seus escritos a professora, questiona os modelos patriarcal, matrimonial e familiar. Desconfiando da ordem e da disciplina impostas, buscando apresentar novas subjetividades que estavam sendo vivenciadas pelas mulheres na sociedade e que eram silenciadas pelo masculino. No período em que escreve a vida intelectual no país e na cidade ainda era dominada por uma escrita masculina, era difícil para as mulheres participarem efetivamente das ações de criação cultural, a maioria estava sujeita à autoridade e à autoria masculina. E, nesse contexto de interdições a autora sinaliza outros caminhos para a educação e para a atuação feminina na cidade, ultrapassando o espaço da sala de aula, assumindo um lugar de autoria, publicando textos, escrevendo sobre si, dando a ler, construindo outras subjetividades para o feminino em um período marcado por práticas patriarcais.  Metodologicamente embasados nos pressupostos pensados por Michel de Certeau (2011) acerca das práticas cotidianas, as histórias concebidas e vívidas serão analisadas a partir de um lugar social, buscando perceber suas sutilezas, estratégias, táticas e operações do fazer e do saber. Dialogaremos também com a produção referente à história da educação na Paraíba e com alguns autores a exemplo de Stuart Hall (2000), com sua discussão acerca da identidade e da cultura como processo de significação e Tomaz Tadeu da Silva (1999) com sua preocupação em discutir a diferença como construção identitária, dentre outros que partilham das novas abordagens sobre corpo e a educação feminina. A partir desse recorte temporal, espacial e metodológico, pretendemos analisar os discursos construídos sobre a leitura e a escrita feminina, questionando os lugares produzidos para as mulheres na época. Revisitar os escritos de Francisquinha Amorim é importante, sobretudo por ser um documento que nos permite vislumbrar as inquietações, sonhos e desejos vivenciados por algumas mulheres em Campina Grande no início dos anos de 1930.