INTRODUÇÃO
O HIV é um retrovírus que causa no organismo disfunção imunológica crônica e progressiva devido ao declínio dos níveis de linfócitos CD4, quanto mais baixo o índice deste, maior o risco de desenvolver aids. Nos últimos anos, os estudos sobre a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV têm avaliado não somente a dimensão física, mas, também as repercussões psicossociais e emocionais decorrentes de se viver com o HIV e a aids.
OBJETIVO
Identificar e descrever os conteúdos e concepções sobre a aids de pessoas que vivem com HIV.
METODOLOGIA
Estudo exploratório e descritivo, de abordagem qualitativa, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará (parecer 630.908). Foi realizado entre os meses de agosto e dezembro de 2014, em um serviço ambulatorial especializado em doenças infecciosas, na cidade de Fortaleza, Ceará. A amostra foi constituída por 231 adultos com diagnóstico de HIV, com uso de terapia antirretroviral por no mínimo seis meses. Os instrumentos de coleta de dados, aplicados durante entrevista, compreenderam: um teste de associação livre de palavras, com estímulo indutor "HIV/AIDS"; e um formulário semiestruturado para investigação do perfil dos participantes. Realizou-se a análise do conteúdo integrante desta representação, a partir da identificação da estrutura da representação social sobre a aids, a qual foi integrada por 34 dos 167 elementos evocados.
RESULTADOS
Predominou na amostra homens (56,7%); com idades entre 40 e 49 anos (41,6%); com HIV há pelo menos 10 anos (49,3%). Os elementos que envolvem a simbolização e percepções do HIV/aids constituíram quatro categorias temáticas: 1) Concepções da aids, a qual reuniu os elementos que descrevem e qualificam a infecção e a doença, definindo-a como ruim, difícil, problema, sem cura, normal e perigosa; 2) Impactos biopsicossociais, referente a sentimentos - tristeza, medo preocupação, solidão entre outros, aos desejos de cura e de viver, e aos impactos biológicos de aumento da vulnerabilidade à morte, doenças oportunistas (sintomas, limitações); 3) Conhecimentos adquiridos, relacionados à transmissão, prevenção e tratamento; e 4) Enfrentamento da infecção, referentes à necessidade de cuidado, do remédio, força e luta para superação das adversidades que permeiam o contexto do HIV/aids.
CONCLUSÃO
Apesar de haver o conhecimento sobre o vírus, as formas de prevenir a transmissão e o uso dos medicamentos, ainda permanece a percepção de uma doença que aproxima da morte e causa grandes impactos, não só biológicos, mas também emocionais, gerando sentimentos negativos mesmo diante da existência de um tratamento que tem aumentado a expectativa e qualidade de vida dos infectados. Portanto, as ações de enfermagem de promoção da saúde no contexto do HIV/aids devem ser voltadas para o bem estar físico, mental e social, com a finalidade de abranger os impactos multidimensionais decorrentes deste agravo. O profissional de saúde deve esclarecer sobre as repercussões da doença e do tratamento no nível individual e coletivo, para favorecer a compreensão e autonomia dos portadores do HIV e da sociedade, com vistas a prevenção de novos casos e de transformar os preconceitos sociais sobre o HIV/aids.
REFERÊNCIAS
PELÁ, N. T. R. et al. Qualidade de vida de indivíduos com HIV/AIDS: Uma revisão de literatura. Ver. Latino-AM. Enfermagem. 2004. Novembro-Dezembro; 12(6):940-5.