D. Pedro II desperta há séculos a admiração de muitos e a crítica de poucos. Pelo ambiente histórico e por sua longeva e intrigante de história de vida, tanto política quanto pessoal, o segundo Imperador é objeto de muitas publicações biográficas. O objetivo desse trabalho é investigar/explicar como as biografias escritas por Benjamin Mossé (para muitos, sendo o verdadeiro autor da obra o Barão do Rio Branco) (1889) e Heitor Lira (1977) construíram um biografado com nuances de herói e envolto a características míticas, sendo a monarca chave explicativa para os principais temas do Segundo Reinado. Partimos da concepção de mimésis do filósofo francês Paul Ricoeur, para verificar como as biografias partem de uma forma pré-concebida (mímesis I) do personagem, e que pouco se altera com o tempo e a partir disso, constrói uma narrativa (mímesis II), buscando sempre dar cabo a forma verificada inicialmente, colaborando na consolidação de uma imagem criada pelo Estado Império sobre o seu Soberano. Ao analisarmos essas obras, verificamos que as narrativas são, de certa forma, atualizadas para o tempo histórico do biógrafo, porém, as características heroicizadas e míticas das formas pré-concebidas, permanecem. Diferenças de estilo literários, também modificam a narrativa, mas não a explicação sobre a vida do biografado, apenas dão maior ou menor valor a estética da obra.