ST 14 - CULTURAS POLÍTICAS E A GUERRA DO PARAGUAI: CONFRONTOS ENTRE O SABER MÉDICO E O OFICIALATO DO EXÉRCITO BRASILEIRO

JANYNE PAULA PEREIRA LEITE BARBOSA

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

Este trabalho tem por objetivo discutir a participação de "apadrinhados" políticos ocupando cargos de chefia no Corpo de Saúde do Exército durante a Guerra do Paraguai, assim como entender as críticas realizadas pela classe médica sobre as ações desempenhadas pelo oficialato Imperial. No decorrer do conflito, entre 1864 e 1870, o Corpo de Saúde do Exército teve a missão de salvaguardar a vida dos soldados e civis que participaram das Campanhas no sul do país. Segundo os Regulamentos do Corpo de Saúde do Exército, hospitais e enfermarias deveriam ser coordenados por cirurgiões-mór oficiais médicos, entretanto a análise documental aponta a presença de oficiais ou apadrinhados políticos sem formação em Medicina ocupando esses cargos de chefias. Diante desse quadro, a classe médica que durante esse período está em processo de construção e de afirmação como instituição realiza severas críticas à atuação de oficiais não médicos desempenhando funções que deveriam ser creditadas apenas ao corpo médico formado ou licenciado. Assim, notamos que diante do quadro político que se desenhou no Brasil Imperial, foi parte constituinte de uma cultura política brasileira essas ações de apadrinhamentos e de indicações políticas para cargos de chefia nos espaços de cura do Exército Brasileiro durante a Guerra. Para a construção deste trabalho, analisaremos relatórios do Corpo de Saúde que encontram-se catalogados no AHEX (Arquivo Histórico do Exército) redigidos por médicos que atuaram tanto em Hospitais quanto em Enfermarias nos anos em que o Brasil esteve em Guerra. A composição dessa narrativa dialoga diretamente com o campo de estudo da História da Saúde e das doenças que nos possibilita compreender o saber médico em diálogo com uma cultura política da época.