ST 15 HOMO SACER – VIDA NUA: PERSPECTIVA CONCEITUAL AGAMBENIANA E HISTÓRIA POLÍTICA

TELMA CRISTINA DELGADO DIAS FERNANDES

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

Esta comunicação propõe debates sobre os conceitos desenvolvidos por Giorgio Agamben e como podem ser apropriados pela Teoria e Metodologia da História. Em particular, o destaque desta comunicação está posto na história política. Faz algum tempo, a historiografia vem apresentando um crescimento dos interesses dos historiadores pela história política -, ainda que não banida do horizonte historiográfico, permaneceu por algumas décadas marcada pelo estigma de uma vertente metódica e, em consequência, muitas vezes, os historiadores evitaram debruçar-se sobre tal tendência. Entre as perspectivas mais recorrentes estão trabalhos que marcam outra tendência na historiografia coetânea - a história do presente. Em grande parte, entre as temáticas suscitadas, é visível que as diversas facetas do autoritarismo são predominantes, e no que se refere à metodologia, a perspectiva da micro-história e as técnicas de história oral apresentam os traços mais recorrentes. Meu interesse particular inscreve-se, também, nessa seara. Interesso-me pelos movimentos culturais e manifestações de arte e os percebo como movimentos políticos de resistência. Esta comunicação é, pois, parte da pesquisa desenvolvida no pós-doctor quando tratei da cena udigrudi em Pernambuco, tomando como ponto de partida as performances da Banda Ave Sangria do Recife, durante o período ditatorial, marcadamente a década de 1970. Os conceitos de biopolítica e estado de exceção, vinculados à tese agambeniana de homo sacer (vida nua) constituem o aporte teórico metodológico. Sobre A vida nua afirma: "[...] 0 rio da biopolitica, que arrasta consigo a vida do homo sacer, corre de modo subterraneo, mas continuo[...]".(AGAMBEN, Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua I, 2002, p.127). O conceito de estado de exceção nos reporta para os momentos em que as liberdades democráticas estariam suspensas. Para Giorgio Agamben, entretanto, não seria aquele posto apenas em situações limites. O estado de Exceção está presente no Estado moderno, inclusive nos momentos pontuais, mas também fora deles; estaria presente no que reconhecemos como Estado democrático. Na perspectiva agambeniana, só é possível entender as experiências totalitárias se a percebemos para além dos momentos de rupturas constitucionais. Isso não significa que não existam diferenças entre as experiências democráticas e as ditatoriais. Significa que as experiências de rupturas não são meras excrescências - uma ditadura não se instalaria em uma experiência histórica da qual o estado de exceção estivesse ausente.