"É um deve de todos os brasileiros a meditação deste livro", informou o anúncio d'O escândalo do petróleo, novo livro de Monteiro Lobato, nas páginas da Folha da Noite (14/08/1936). O anúncio ainda veiculou alguns pontos do texto, como "A cavilosa penetração dos grandes trusts", "Açambarcamento das terras petroliferas", "O BRASIL gasta 5.000 contos por anno para barrar o aparecimento do petroleo" e "O programma de NÃO PERFURAR, NEM DEIXAR QUE SE PERFURE" etc. Estes itens evidenciam os confrontos entre o escritor e os técnicos do Departamento Nacional de Produção Mineral: enquanto estes alegavam a inexistência do petróleo em território nacional, Monteiro Lobato investia na imprensa a necessidade de pesquisar e explorar o petróleo que certamente estaria no subsolo. Para isto, no entanto, era necessário convencer a população da existência do ouro negro no Brasil e elucidar sua importância socioeconômica e política. Esta pesquisa versa sobre a emergência sociopolítica do petróleo enquanto problema nacional a partir dos textos de Monteiro Lobato. Depois de quatro anos ocupando o cargo de adido comercial nos Estados Unidos (1927-1930) Monteiro Lobato volta ao Brasil com nova meta: dar ferro e petróleo ao país. Em abril de 1932 legalizou a Companhia Petróleo Nacional, tendo atuação em Riacho Doce, Alagoas. No mês de agosto, criou a Companhia Petróleos do Brasil, encarregada de explorar o poço do Araquá, em São Paulo. No entanto, faltavam-lhe recursos para a exploração - como capitais, técnicos qualificados e instrumentos de prospecção - que não obtinha, acreditava o escritor, por dois motivos imbricados: primeiro, a falta de interesse do governo em ajudar as companhias privadas; segundo, a campanha de elementos do DNPM em difamar suas ações em jornais e outros periódicos. Deste modo, Monteiro Lobato inicia combate no intuito de transformar o petróleo em questão nacional, devido a importância do ouro negro na economia industrial e nas questões militares do século XX. Investigo, assim, os projetos de nação, a mobilização de paixões e os interesses diversos que os textos de Monteiro Lobato instituíram e incitaram na causa da prospecção. O petróleo, nesta visão, iria inaugurar novo tempo no Brasil, onde os jecas (isto é, de acordo com o criador da Emília, os trabalhadores rurais do país) seriam integrados ao progresso e as mazelas sociais iriam desaparecer, aproximando a nação brasileira da nação norte-americana. As fontes utilizadas são os livros O escândalo do petróleo e O poço do Visconde, além dos textos impressos em jornais.