SONHOS, TIJOLOS E A DITADURA: A POLÍTICA DE MORADIA POPULAR DURANTE OS GOVERNOS MILITARES (PIAUÍ, DÉCADA DE 1970)

MARCELO DE SOUSA NETO

Co-autores: MARCELO DE SOUSA NETO
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

No início da década de 1970, a iniciativa dos programas habitacionais promovidas pelos governos militares não conseguiam atender de forma satisfatória o acesso à moradia para as populações de mais baixa renda. Em parte, o fracasso das iniciativas resultou da compreensão das casas populares como uma mercadoria a ser vendida para uma clientela que se mostrava extremamente frágil enquanto mercado consumidor, agravando demandas e tensões sociais outras já enfrentadas por aquelas populações socialmente vulneráveis. No Piauí, em meados da mesma década de 1970, passou-se a receber diversos projetos de moradia popular, financiados pelo Banco Nacional de Habitação - BNH. A construção de conjuntos habitacionais populares inseriu-se é um período chave para a compreensão dos contornos que o Estado assumia e os efeitos do que foi considerado um surto populacional, resultado das fortes migrações no sentido campo-cidade, o que seria ampliado na década de 1970. Assim, o Piauí, e de forma mais acentuada sua capital, Teresina, encontrava-se mergulhado nos conflitos sociais decorrentes do agravamento da questão urbana, sendo que a construção civil aparecia como ramo capaz de resolver a questão, período áureo dos investimentos habitacionais. Desta forma, o presente trabalho discute as políticas de habitação popular promovidas pelos governos militares no Piauí, em um recorte definido como sendo o estudo de projetos habitacionais populares construídos durante a década de 1970 na cidade de Teresina, onde se procurou valorizar o estudo das memórias de seus primeiros moradores, por meio do uso da metodologia da História Oral, por meio da qual se pode verificar que com a construção de conjuntos populares, a ação governamental na cartografia social e urbana da cidade não caracterizou-se pela supressão das demandas sociais vivenciadas pela população atendida, nem tampouco supriu as deficiências infraestruturais pós-inauguração. Pôde-se ainda observa que, após as inaugurações, os conjuntos eram entregues aos seus moradores em meio às mais precárias condições de saneamento e serviços públicos, o que resultou na resistência da população em ocupar as novas moradias e abriram caminho para novos capítulos de resistência e luta.