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Literaturas, nacionalidades e colonialismos

2 de dezembro de 2020 - 10:34

PROJETO DE PESQUISA

Literaturas, Nacionalidades e Colonialismo: cartografia social das comunidades imaginadas de Brasil, Cabo Verde e Guiné-Bissau

APRESENTAÇÃO

Esta proposta aprofunda e expande o projeto do Observatório das Nacionalidades (ON), grupo certificado pelo CNPq e sediado na UECE, iniciado em 2015 com o tema “A Defesa do Atlântico Sul no contexto da cooperação Brasil-África”. Então, o enfoque principal era a reflexão sobre um conceito multidimensional de defesa que levasse em conta aspectos ambientais, socioeconômicos, políticos e culturais provenientes de reivindicações de setores sociais organizados e suas lutas por preservação da natureza, bem viver e valores democráticos. A abordagem renovada do conceito pode ser encontrada nas duas publicações que resultaram da pesquisa: o número temático da revista Tensões Mundiais, editada pelo ON, v. 12, n. 22 de 2016 e a coletânea intitulada a Defesa dos Povos do Atlântico Sul.

No entanto, a expressão “comunidade sul-atlântica”, inspirada principalmente na obra Comunidades Imaginadas, de Benedict Anderson, não foi suficientemente trabalhada, sendo tratada de forma tangencial, sem maior atenção para a pluridiversidade que caracteriza os povos da região banhada pelo Atlântico Sul. O intenso debate acadêmico entre pesquisadores brasileiros e africanos, em particular ao tratar de narrativas e casos específicos de conflitos de diversas naturezas, revelou a necessidade de estudos das comunidades nacionais que não puderam ser desenvolvidos a contento no curto período de um ano. Daí a importância de dar continuidade às atividades de investigação.

O presente projeto, portanto, irá examinar em perspectiva transdisciplinar os processos nunca concluídos de construção das nacionalidades, tendo como campo empírico Brasil, Cabo Verde e Guiné-Bissau. A intenção de delimitar o escopo da pesquisa, inicialmente, a apenas três países deve-se ao fato de que o problema a ser investigado é, sobretudo, de caráter teórico-conceitual e diz respeito às interrelações entre nacionalidades e campo artístico, com destaque para as literaturas oral e escrita com expressão em língua portuguesa, seja como língua oficial seja como língua de comunidades de diáspora.

Desse modo, busca-se concentrar esforços na elaboração de procedimentos metodológicos que tenham como ponto de partida os conceitos-chave de “comunidade imaginada”, de Benedict Anderson, e “cartografia social”, de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Há indícios a serem aprofundados, no decorrer da pesquisa, de confluências e afinidades entre os autores, ainda pouco percebidas na academia. Trata-se de um caminho alternativo para pensar as mudanças advindas na ideia de nação, sendo imprescindível diferenciar o Estado da nação. Este é um campo de conhecimento complexo, que exige ter em conta as acepções de colonialismo, nacionalismo e imperialismo, muitas vezes usadas pela corrente epistemológica dominante na área de Relações Internacionais para “subalternizar” os povos dos continentes africano e latino-americano, os quais persistem como espaços de disputas globais no século XXI.

A expectativa mais ampla é de que a pesquisa possa contribuir para desenvolver processos e instrumentos metodológicos próprios e adequados a situações singulares, sem a pretensão de elaborar uma teoria que apague diferenças nem de assumir a perspectiva eurocêntrica como ponto de vista universal das relações sociais.

FINANCIAMENTO

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

Chamada MCTIC/CNPq No 28/2018 – Universal

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES

Instituição de vínculo e execução: Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Instituição colaboradora: Universidade de Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB)

PERÍODO DE VIGÊNCIA DO PROJETO

Março de 2019 até Fevereiro de 2022

EQUIPE

Coordenação:

Mônica Dias Martins, doutora em Sociologia e professora (UECE)

Equipe de pesquisa:

Natalia Monzón Montebello, doutora em Ciências Sociais e professora (UECE)

Ricardino Jaciento Dumas Teixeira, doutor em Sociologia e professor (UNILAB)

Angícia Gomes Pereira Mourão, doutoranda do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (UFRGS)

Alana Aline Pinheiro, graduada em Ciências Sociais (UECE)

Samuel dos Santos Comprido, graduado em História (UNILAB)

Amanda Myrella Gomes, graduanda em Ciências Sociais (UECE)

Caroline do Socorro da Silva Gomes, graduanda em História (UECE)

Dayane Queiroz Freitas, graduanda em Ciências Sociais (UECE)

Lucas Lins, graduando em Ciências Sociais (UECE)

Luiz Felipe de Sousa Gomes, graduando em Ciências Sociais (UECE)

Wesley Sousa Sampaio, graduando em Ciências Sociais (UECE)

OBJETIVOS GERAL E ESPECÍFICOS

Objetivo geral: Estimular, no estudo das nacionalidades brasileira, bissau-guineense e cabo-verdiana, o desenvolvimento de novas fontes e novos percursos metodológicos que possibilitem uma compreensão abrangente e interdisciplinar da questão nacional, a partir das articulações analíticas entre as noções de “comunidade imaginada” e “cartografia social”.

Objetivos específicos:(a) Aprofundar os indícios das confluências e afinidades entre os autores que trabalharam as ferramentas analíticas de “comunidade imaginada” e “cartografia social”, a saber, Benedict Anderson, Gilles Deleuze e Félix Guattari;(b) Propor uma metodologia específica para o estudo das nacionalidades enquanto “comunidades imaginadas”;(c) Compor uma “cartografia social” de interrelações, espaços, articulações, trocas entre indivíduos, grupos e comunidades, a partir das literaturas orais e escritas com expressão em língua portuguesa, seja como língua oficial seja como língua comum da diáspora;(d) Intensificar e consolidar o diálogo multidisciplinar entre pesquisadores africanos e sulamericanos em torno de novas teorias, objetos e procedimentos metodológicos relativos à percepção das nacionalidades e suas relações com os estudos literários.

SISTEMÁTICA DE TRABALHO

A partir do planejamento elaborado no projeto foi possível a equipe executar atividades concomitantes, mas flexíveis e autônomas. As reuniões internas foram realizadas uma vez por mês alternando os locais de encontro entre UECE e UNILAB, com o objetivo de selecionar e discutir textos teóricos e metodológicos que poderão contribuir para o desenvolvimento da pesquisa. Paralelamente, o Grupo de Estudos Tensões Mundiais (GETEM) organizado e mediado por graduandas e graduandos da UECE, aprofundou o pensamento dos autores principais Benedict Anderson e Gilles Deleuze. Este grupo se caracteriza por ter a participação da comunidade externa à equipe do projeto, portanto estudantes de graduação e pós-graduação se inseriram nas discussões dos textos selecionados, possibilitando a divulgação sobre o projeto e, especificamente, as categorias de análise dos autores citados. Foi realizado o levantamento e organização das obras na biblioteca do Observatório das Nacionalidades, verificando a bibliografia disponível para contribuições teóricas e metodológicas da pesquisa.

As reuniões internas se concentraram inicialmente em sistematizar o estado da arte da temática do projeto, sendo toda equipe designada para a atividade de pesquisa bibliográfica, com isso foram levantados artigos, capítulos de livros, dissertações e teses. Posteriormente, houve a seleção de determinados títulos para compor a bibliografia principal para discutir nas reuniões e os textos secundários de apoio que poderão fornecer suporte teórico se necessário.

As reuniões, ocorreram uma vez por mês, totalizando 11 (onze)  encontros. Organizados em dois momentos ao longo do dia: o período da manhã com a abordagem teórica e o período da tarde com abordagem metodológica. As reuniões aconteceram de março de 2019 à dezembro de 2019, continuando em janeiro de 2020 e março de 2020, mas posteriormente as reuniões foram paralisadas por causa da emergência sanitária, sendo retomadas em junho de 2020 de maneira remota. Ressaltamos que em 18 de outubro de 2019 foi realizada atividade conjunta ao grupo de pesquisa Diálogos Urbanos da UNILAB por meio do seminário “Pesquisadores/as em diálogo: conexões UNILAB e UECE”, com o objetivo de socializar a produção científica das duas redes de pesquisa e contribuir para a formação dos graduandos e pós-graduandos das referidas universidades.

GRUPO DE ESTUDOS

O Grupo de Estudos Tensões Mundiais (GETEM) centrou-se nos dois autores que abordam as principais categorias teórico-metodológicas da pesquisa. Inicialmente, os estudos dirigiram-se para o autor Benedict Anderson com a obra “Comunidades Imaginadas”, foram realizados 8 (oito) encontros durante quatro meses do primeiro semestre de 2019, tendo como objetivo esmiuçar o livro completo e discutir temáticas que contribuíssem para o objetivo da pesquisa. Posteriormente, os estudos se voltaram para a apropriação dos autores Gilles Deleuze e Félix Guattari, as reuniões aconteceram no segundo semestre de 2019, com 6 (seis) encontros para discutir capítulos de obras centrais dos autores como também textos de comentadores que contribuíram para ampliar o entendimento sobre as categorias selecionadas.

PRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

Integrantes da equipe do projeto tiveram 3 (três) resumos expandidos aprovados na modalidade oral na XXIV Semana Universitária da UECE – Sustentabilidade ambiental: conexão entre ser humano e natureza, que ocorreu entre os dias 21 a 25 de outubro de 2019.

Apresentações na XXIV Semana Universitária da UECE – 2019

Publicação eletrônica e impressa da revista Tensões Mundiais v. 16 n. 31 (2020) – Edição Temática: colonialismo e neocolonialismo em África e América Latina

Versão eletrônica: https://revistas.uece.br/index.php/tensoesmundiais/index

O conceito de colonialismo tem sido usado, acima de tudo, como um fenômeno que explica as relações assimétricas e de dominação entre diferentes povos e nações. Também se manifesta em âmbito interno ao reproduzir antigas relações de poder sob novas formas. Sua moldura contemporânea, o neocolonialismo, não apenas organiza os países da periferia do capitalismo a partir dos interesses das grandes potências, mas retira-lhes tudo que possa ser transformado em mercadoria, inclusive os direitos sociais.

A edição Colonialismo e neocolonialismo na América Latina e África pretende contribuir para o avanço e o aprofundamento do debate sobre as múltiplas manifestações decorrentes dos processos de dominação neocolonial nas áreas de filosofia, ciência política, história, geografia, artes, literatura, epistemologia, sociologia, entre outras.

MINICURSO “UM MAR DE HSITÓRIAS A NOS UNIR: BRASIL, CABO VERDE E GUINÉ-BISSAU”

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