“CARAS DE PRESIDENTES”, “BANDEIRAS”, “BOMBA” E “FUZIL”: A POLÍTICA NO ETHOS TROPICALISTA.

JOSÉ FERNANDO SAROBA MONTEIRO

Co-autores: JOSÉ FERNANDO SAROBA MONTEIRO
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

O presente artigo trata do período que compreende o regime militar no Brasil onde cooptaram grupos contrários ao autoritarismo vigente, havendo manifestações de diversos estratos da sociedade, sobremodo no campo das artes (cinema, teatro, literatura e, em especial, a música). No âmbito musical originou-se uma "canção politicamente engajada" que visava expor os problemas sociais da nação, tal como uma maior conscientização política da sociedade, a "canção de protesto". Entretanto, a utilização do discurso político no período, não se restringiu a essa vertente, insurgindo também um movimento que, mesmo não corroborando com os ideais nacionalistas das "canções de protesto", mantinha em seu discurso um viés político, o Tropicalismo. O movimento tropicalista, através de transferências culturais, hibridou gêneros da tradição musical brasileira com gêneros musicais estrangeiros, notadamente o pop e o rock, além de aproveitar destes últimos a inclinação natural ao protesto, ao menos no âmbito da contracultura. Desta forma, acreditamos, sem aporia alguma, que os tropicalistas mesmo sem pertencer diretamente à vertente "canção de protesto" e sendo acusados de não manter um posicionamento definido ante o regime vigente, se apropriaram de elementos do espectro da esquerda na construção de seu discurso, integrando e retratando o zeitgeist de sua época, onde a política pairava sobre o pensamento da juventude. Procura-se, então, reforçar a idéia de que, malgrado as "canções tropicalistas" terem assimilado gêneros musicais estrangeiros, não deixaram de lado o viés político, cooptando simbolicamente com o grupo de opositores ao regime, podendo se inserir no topos político e figurar ao lado das "canções de protesto", se não legitimamente, ao menos como "[...] um de seus frutos diferenciados." (RIDENTI, 2002, p. 379).