A URDIDURA DE UMA DISSERTAÇÃO: PROCESSOS MNEMÔNICOS DE MULHERES DE SENADOR POMPEU/CE (2011-2013)

MARIA ELCELANE DE OLIVEIRA LINHARES

Co-autores: SILVIA MÁRCIA ALVES SIQUEIRA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

Este trabalho é baseado na dissertação intitulada "Ninguém ia mexer com panelas": subjetivações de poder nas memórias de donas de casa de Senador Pompeu / CE (2011-2013). Essa dissertação está inserida no Mestrado Acadêmico de História da Universidade Estadual do Ceará (MAHIS-UECE). Serão então demonstradas as abordagens teóricas e metodológicas que moldam à escrita, a fim de trazer novas possibilidades para os estudos em torno da memória e do gênero. A escolha temática para essa dissertação foi gestada a partir de entrevistas feitas para a monografia intitulada: "O espaço do não dito": Sexualidade e sensibilidades nas memórias das mulheres de Senador Pompeu-CE (1960 a 1970). Inserida em um contexto onde a família tinha o papel de instituição disciplinadora, e onde as mulheres trilharam caminhos de normas e silenciamentos em relação a seus corpos, essa pesquisa tinha como fonte principal a oralidade de mulheres que contraíram matrimônio entre 1960 e 1970. Contudo, nas reticências proporcionadas pelas entrevistas, uma inquietação se tornou presente, pois percebemos que, no ato da narração, essas mulheres podem extrair um poder subterrâneo, sobretudo, quando elas se intitulam "donas" da casa e peças centrais na família. Nosso objeto passou a ser então as memórias dessa parcela do interior cearense, pertencente a uma cultura popular pouco conhecida: Mulheres entre 50 e 70 anos de idade, casadas entre as décadas de 1960 e 1970, moradoras de Senador Pompeu/CE, mães de famílias, agricultoras aposentadas, costureiras, domésticas, etc. Vale ressaltar que para esse grupo de mulheres, onde a cultura escrita é algo longínquo, a oralidade tem um papel central. A partir de tais premissas a escrita tem base no seguinte objetivo: compreender suas operações de memória, visando construir uma análise de gênero que revise a naturalização da opressão, e perceba o protagonismo das mulheres enquanto sujeitas de suas próprias narrativas.