A partir de fins do século XVIII, a sociedade europeia demostra um forte interesse pela arte antiga, em especial pelas orientações greco-romana e egípcia. O referido gosto teve início, depois das descobertas arqueológicas ocorridas naquele século, sobretudo após as expedições de Napoleão Bonaparte ao Egito, iniciada em fins dos setecentos, período em que a Europa teve maior contanto com as referências artísticas dos egípcios, assim como as de gregos e romanos. Mencionados referenciais artísticos influenciaram a cultura europeia, manifestando-se em vários segmentos da arte do aludido continente, como na pintura, escultura, na arquitetura, encontrando ai expressão na arquitetura funerária. Esse gosto pela arte antiga se prolongou por todo o século XIX até a primeira metade do século XX. Nessa esteira, para a sociedade europeia de fins do séculos XVIII e primeira metade dos novecentos, construir a última morada contendo elementos da arte antiga era sinônimo de requinte e elegância, tornando-se moda no período em questão. Tal tendência chegou em terras brasileiras ainda no século XIX, manifestando-se, primeiro, nos grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo, alcançando cidades interioranas do país em fins do referido século e princípios do XX. O cemitério Nossa Senhora da Guia de Morada Nova - CE, contém túmulos, construídos entre os anos de 1930 a 1950, que apresentam em sua composição elementos da arte antiga grega e egípcia.Tal período se destaca por se encontrar numa época em que se intensificou a moda de se usar modelos de túmulos inspirados na arte antiga. Devido às limitações materiais, técnicas e financeiras para erguer jazigos luxuosos nos cemitérios das cidades interioranas, encontrou-se uma maneira de expressar os elementos da arte antiga nos túmulos dessas necrópoles, construindo tais símbolos de forma miniaturizada e empregando-os com o mesmo sentido usado nos sepulcros mais suntuosos. Assim, na nossa pesquisa, realizamos um levantamento dos jazigos do Nossa Senhora da Guia erguidos entre os anos de 1930 a 1950, procurando identificar os símbolos que remetam a arte antiga grega e egípcia, com o intento de propormos uma análise dos sentidos que assumem os aludidos símbolos no conjunto dos sepulcros. Como resultado de nossa investigação, nos foi possível inferi que, no Nossa Senhora da Guia, existem jazigos com estilizações de pirâmides, bem como túmulos que contêm, em seu conjunto, colunas gregas de ordem jônica, evidências que nos remetem a elementos de inspiração da antiga arte grega e egípcia.