Parnaíba, um dos principais entrepostos comerciais do Nordeste do Brasil no período conhecido como República Velha, teve sua ampliação econômica originada fundamentalmente por conta do Rio que dá o nome da cidade, assim como o acesso ao Oceano Atlântico, possibilitando a intercomunicação tanto com as cidades interioranas do Piauí, quanto com outros polos estaduais e internacionais. Ao revés da realidade social vivida pelos empresários, políticos e militares de alta patente, a maioria da população sofria com a miséria, o avanço das doenças venéreas, o alcoolismo, o desemprego e o analfabetismo. Este último não foi extinto com as escolas disponíveis pelo Estado, nem mesmo com as escolas particulares. Diante desta situação, aos trabalhadores parnaibanos restava alternativa senão a auto organização e a autogestão de espaços destinados à instrução deles e de suas proles. A cidade litorânea do Piauí foi rica em associações mutualistas, mas que infelizmente deixaram poucos registros de sua participação e percepção da sociedade em seu contexto social e temporal. De todas estas associações, a única que teve os jornais mapeados por pesquisadores foi a Sociedade União Progressista dos Artistas Mechanicos e Liberaes de Parnahyba, através do periódico O Artista, fundado no mesmo ano que a organização que o patrocinava, em 1919. É perceptível nas linhas do jornal a preocupação dos seus membros em organizar as forças proletárias parnaibanas em uma agremiação, assim como o embate intenso contra o analfabetismo; Dentre as mais variadas formas de instrução defendidas no periódico, destoa e destaca-se uma ideia pedagógica; pauta por um ensino antiautoritário, anti hierárquico, e que visava potencializar as capacidades físicas e intelectuais de seus alunos; esta se aproxima em muito das perspectivas defendidas pela pedagogia libertária. "A Creança e a escola", foi um artigo escrito de Guerra Junqueiro, português influente nos círculos anarquistas brasileiros por sua crítica ácida ao sistema socioeconômico vigente de sua época, e por sua postura antiautoritária. O trabalho se divide em três seguimentos: A) A situação do trabalhador parnaibano; B) A educação oferecida em Parnaíba, dentro do recorte temporal analisado; C) Perspectivas educacionais que circundavam o movimento operário parnaibano, em especial a pedagogia libertária no texto de Guerra Junqueiro.