A utilização de fotografias contribui para a reconstituição da memória cultural de grupos sociais, possibilitando a compreensão dos processos de metamorfismo da sociedade. O objetivo deste estudo é conhecer a partir do meio a dimensão histórica da imagem fotográfica e as possibilidades de utilizá-la na composição de certo conhecimento sobre o passado. Desde sua descoberta a fotografia vem acompanhando o mundo contemporâneo, registrando suas memórias numa linguagem imagética. Este perfil de memória assenta-se no vestígio, pois a memória tem necessidade de suportes exteriores e de referências concretas. Desta forma, procuramos entender como as imagens fotográficas podem embasar questões culturais e fragmentos da História. O estudo buscou a articulação da fotografia com a memória, com a história oral e com a análise das imagens embasados nos referenciais teóricos, estabelecendo analogias e produzindo uma percepção histórica sobre as mesmas. As informações para análise foram obtidas por meio de pesquisa bibliográfica, fotografias, entrevistas e depoimentos. As imagens reunidas foram coletadas entre moradores antigos da cidade de Ji-Paraná, no Estado de Rondônia, sendo encontradas nos álbuns familiares formando um conjunto de discursos evidenciados no contexto histórico das migrações incentivadas pelo governo militar, que visavam a integração da Amazônia. Tal conjunto imagético trouxe para está análise novas informações sobre a localidade e ainda evidenciou as transformações que a cidade vivenciou. As fotografias coletadas foram digitalizadas, catalogadas e separadas por categorias, sendo elas: eventos, monumentos, paisagens e pessoas. Os depoimentos e entrevistas serviram como subsídios para legitimar as informações evidenciadas pelas representações fotográficas. O material resultante dessa pesquisa compõe um banco de imagens que integram o acervo do Núcleo de Memórias do IFRO - Instituto Federal de Rondônia, servindo para futuros estudos. Imagens que antes eram apenas lembranças em álbuns de família passaram a ser vistas sobre a óptica da História local de forma critica e produtiva. As fotografias são mais que um vestígio, que um testemunho, não podendo ser redutível a palavras. Neste sentido este trabalho compreende uma ação de leitura de imagens, como tentativa de dar voz e explorar esses pedaços de cenas congeladas. Por conseguinte o acervo reunido constitui, simultaneamente, um conjunto iconográfico e um espaço privilegiado de reflexão. As imagens carregam em si as marcas de um tempo vivido, de um tempo munido de significação e cultura próprias.