O presente trabalho tem como objetivo discorrer acerca da permanência da memória a partir da correspondência do pintor cearense Antonio Bandeira (1922-1967) com o amigo escultor Zenon Barreto (1918-2002). Para tanto, tomamos como referência os trechos dessa correspondência disponibilizados por Estrigas (1919-2014) na obra Bandeira - a permanência do pintor, publicado no ano de 2001, pela Imprensa Universitária/UFC. A obra traz um breve histórico da vida do referido pintor, incluindo reprodução de imagens do artista, um roteiro ilustrado de Bandeira para um filme sobre sua vida, duas poesias em sua homenagem e oito trechos de cartas que o pintor enviou ao amigo Zenon Barreto, discutindo temáticas variadas. O recorte da nossa pesquisa consiste no estudo dessas cartas. Trata-se de cinco cartas do ano de 1952, uma de 1960, uma de 1963 e outra de 1965. Na carta de 23 de maio de 1952, por exemplo, Antonio Bandeira não se furta a fazer algumas observações sobre os quadros de Zenon, com o intuito de que a arte do amigo progrida. Além disso, o estudo da epistolografia de Bandeira pode apontar para possíveis representações do próprio sujeito do pintor, a partir de traços e/ou grafias "de si", o que nos permite observar a formação do autor e a construção da sua obra, calcadas na permanência da memória, história, literatura e relevância no contexto sócio-histórico-cultural. Como embasamento teórico para o desenvolvimento da pesquisa, recorremos aos estudos de Estrigas (2001), Vilas Boas (2006), Santiago (2006), Gutiérrez & Estrigas (2008), Lejeune (2008).