O presente trabalho trata a dança de São Gonçalo como reflexo da identidade negra na comunidade quilombola Dom Maurício localizada no município de Quixadá, no sertão central do Ceará. A comunidade surgiu a partir da segunda metade do século XX, com a fuga do ex-escravo Chiquinho e sua família do Rio Grande do Norte. Na busca de residência, a família refugiou-se em Dom Mauricio, onde se vinculou com outra família negra local, permitindo o surgimento dos "negros do Veiga". Objetivou-se mostrar a importância da dança para a sociedade local, e o que a mesma representa para todos os residentes do grupo. O ritual acontece uma vez ao ano no mês de novembro, especificamente no dia onze, dia da consciência negra. Os participantes são organizados em doze duplas, trajam-se de branco e utilizam as cores rosa e anil como enfeites adicionais. O evento ocorrido é de extrema importância para a fé dos moradores, pois reaviva os feitos de São Gonçalo. Partindo disso, as comunidades vizinhas também são convidadas a participarem do culto que possui a duração de um dia repleto de danças e oferendas ao santo. A pesquisa embasa-se em revisão bibliográfica e uma visita à comunidade, permitindo uma maior abrangência das informações pesquisadas sobre o ritual. Assim, visou-se lembrar do quanto à história de um povo é de essencial importância para sua formação, e o quanto a cultura religiosa reflete nas suas ações atuais, pois cultura é vida.