USOS DA MEMÓRIA E DA ORALIDADE NA EDUCAÇÃO ESCOLAR DOS TREMEMBÉ.

RENATA LOPES DE OLIVEIRA

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

Eixo: História, memoria e oralidade

USOS DA MEMÓRIA E DA ORALIDADE NA EDUCAÇÃO ESCOLAR DOS TREMEMBÉ.

Renata Lopes de Oliveira -UFC -CAPES (renata.lopez@hotmail.com)

 

Historicamente a educação escolar indígena brasileira esteve associada aos processos de subalternização e dominação desses povos. Ela buscava incorporá-los ao modelo de sociedade nacional que estava sendo formatado, a partir do remodelamento das práticas e subjetividades indígenas. Na atualidade, principalmente pós década de 1980, a educação escolar indígena tem emergido como lócus de resgate, fortalecimento e valorização das culturas, saberes e identidades desses povos, a partir de quatro princípios norteadores, a saber, interculturalidade, diferença, especificidade e bilinguismo. É nesse cenário emergente que o presente trabalho se inscreve e tem como objetivo dissertar sobre os usos da memória e da oralidade no processo educativo escolar diferenciado indígena Tremembé na localidade de Almofala - Ceará. A discussão que apresento nesse trabalho se desenvolveu a partir de minha aproximação da comunidade Tremembé, em finais de 2011 até a presente data, como pesquisadora-observadora, nesse período tive como lócus de pesquisa, principalmente, a Escola Diferenciada Maria Venâncio e a localidade da Praia de Almofala. Nessa trajetória de pesquisa acompanhei disciplinas do curso de formação de professores e aulas da educação básica que tratavam de questões próprias da cultura Tremembé, como a espiritualidade e a relação desse povo com a atividade da pesca e os saberes que emergem dessas praticas. Realizei também entrevista junto a algumas lideranças comunitárias que são reconhecidas pela comunidade como 'livros vivos' da história e dos saberes Tremembé pelas experiências adquiridas através da vivência na comunidade. Essas lideranças foram docentes no curso de formação de professores, realizada pela Universidade Federal do Ceará, e são comumente chamados a escola em nível básico para falar aos mais jovens sobre a história do povo Tremembé. Nessa pesquisa pude observar que são nas memórias dos velhos que se encontram registradas muitas das experiências ancestrais dessa comunidade, as quais emergem a partir dos relatos orais dessas pessoas. Essas memórias funcionam como elementos agregadores e legitimadores dessa comunidade possibilitando a construção de seus discursos identitários e servem de contraponto as práticas discursivas externas a comunidade em torno do que seria a cultura indígena e a figura do índio. O uso da memória e da oralidade na escola também reforça e reafirma uma prática social inerente as comunidades indígenas, que é, a transmissão do conhecimento a partir da oralidade.

Palavras-chave: Tremembé. Memória. Oralidade. Saberes. Educação.