Na antiguidade clássica, mais precisamente em Platão, o termo Filologia significava amor aos discursos, já na idade moderna passou a significar a ciência da palavra, ou melhor, o estudo histórico da língua, que tem por objetivo a reconstituição histórica da vida do passado através dos textos, portanto dos seus documentos literários. No entanto, os projetos e os resultados dessa ciência, do modo como ela se formou, vão muito além da humilde tarefa à qual desejaram limitá-la. De uns anos para cá, temos assistido ao crescimento de discussões acerca da Filologia nos meios acadêmicos nacionais e estrangeiros. Contudo, por mais que o tempo passe, uma das imagens mais vivas que conservamos da Filologia continua a assentar suas raízes nas atividades desenvolvidas pelos sábios renascentistas. Na presente proposta de comunicação pretendemos investigar a relevância da filologia na construção das teorias e do pensamento do período renascentista na Itália, sobretudo no que diz respeito ao acurado resgate das doutrinas dos clássicos da Antiguidade, sem, contudo, permanecer no espaço comum de uma única interpretação de cunho técnico e textual, mas, sobretudo, perceber nos filólogos do Renascimento uma constante busca pela totalidade dos saberes referente aos textos pesquisados, compreendendo que a língua não é o único objeto da filologia, e que, antes de tudo, ela pretende fixar, interpretar e comentar os textos a luz do pensamento, da história literária, dos costumes, das instituições e dos modos de ser do homem. Para tanto, tomamos como base para essa pesquisa obras como a Ciência Nova de Giambattista Vico, Elementos da filologia românica de Bruno Basseto, bem como, textos de autores da tradição renascentista, a saber, Lorenzo Valla, Marsílio Ficino, Pico della Mirandola e Erasmo de Rotterdam que revelam a constante presença da filologia no interior de suas doutrinas e escritos.