MEMÓRIAS DAS COMUNIDADES IMPACTADAS PELOS PERÍMETROS IRRIGADOS NO ESTADO DE CEARÁ

JAQUELINE BERNARDO DE ALMEIDA

Co-autores: MARCELO LIMA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

A partir dos anos de 1970, o Estado Brasileiro modificou sua relação com à
região Nordeste do país, adotando desde então uma série de medidas, que 
buscavam viabilizar a modernização da agricultura, classificando a praticada até 
então pelas comunidades agrárias como rudimentares e atrasadas. Nesse contexto, 
alinhado com órgão como DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as 
Secas), SUDENE e INCRA o Estado ia dá início ao processo de construção de 
barragens e perímetro irrigados, além de buscar estimular a produção para o 
mercado, buscando desenvolver no pequeno agricultor a mentalidade empresarial, 
utilizando para alcançar essa meta uma série de projetos (como PIN e 
PROTERRA). Todas essa transformações acabariam por causar fortes alterações 
na vida do camponês, mudanças essas que iriam desde o campo cultural ao campo 
do trabalho, área a qual será dado ênfase nesse projeto, no sentido de observar 
quais foram as principais mudanças vividas pelos camponeses/agricultores, no que 
concerne ao mundo do trabalho, dentro dessa nova lógica de mercado e de 
produção agrícola. Para além disso, vale ressaltar, que um objetivo central nesse 
trabalho é estimular a valorização das memórias das pessoas que viviam nessas 
regiões, propiciando uma versão distinta da oficial, amplamente divulgada pelo 
DNOCS e pelos meios de comunicação. O referencial de história Oral, desse modo, 
vem possibilitando os avanços nesse projeto, que se dão essencialmente por meio 
de entrevistas e pesquisas no próprio Departamento Nacional de Obras Contra as 
Secas (DNOCS). De determinado modo, o trabalho vai buscar evidenciar como os 
perímetros irrigados influenciaram no mundo do trabalho dos camponeses, 
valorizando nesse processo a memória dos mesmos, que vêm historicamente sendo 
silenciadas.