MICRORNAS CIRCULANTES COMO POSSÍVEIS BIOMARCADORES NO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO.

VITORIA SANTOS BEZERRA

Co-autores: VITÓRIA SANTOS BEZERRA, ISABELE DA SILVA PEREIRA, ANTÔNIO CARVALHO RIBEIRO SOBRINHO, VALDEVANE ROCHA ARAÚJO, STELA MIRLA SILVA FELIPE, RAQUEL MARTINS DE FREITAS e VÂNIA MARILANDE CECCATTO
Tipo de Apresentação: Pôster

Resumo

 

MICRORNAS CIRCULANTES COMO POSSÍVEIS BIOMARCADORES NO INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO.

Antonio Carvalho Ribeiro Sobrinho

Vitória Santos Bezerra 1

 Isabele da Silva Pereira 2

 Raquel Martins de Freitas 1

Stella Mirla Silva Felipe 1

Vânia Marilande Ceccatto1

Valdevane Rocha Araújo1

1UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE).

2UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC).

 

 

RESUMO:

As doenças cardiovasculares (DCV) são as principais causas de morte em todo o mundo, com quase 17,9 milhões de mortes provocadas por ataques cardíacos ou derrames, segundo os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). As troponinas e CK-MB são os marcadores mais usados na clínica do diagnóstico de Infarto agudo do Miocárdio (IAM), porém qualquer dano agudo ou crônico pode elevar os níveis de troponina no soro. Os microRNAs (miRNAs) são pequenos RNAs não codificantes que podem ser expressos em determinadas situações patológicas O objetivo desse estudo foi investigar na literatura ensaio clínicos randomizados envolvendo o uso de miRNAs circulantes como biomarcador do IAM. Os artigos foram extraídos do PubMed e SCIELO e de 487 encontrados, 7 foram selecionados para a síntese desse estudo. Uma pesquisa envolvendo 138 indivíduos investigou o papel do miRNA-32-5p circulante no IAM e demonstrou aumento de sua expressão no grupo IAM. Um outro estudo feito em com 58 pessoas demonstrou aumento significativo da expressão dos miR-26a-1, miR-146a e miR-199a-1 no plasma de indivíduos que sofreram IAM. Conclui-se que os miRNA's são possíveis candidatos a biomarcadores do IAM e que estudos de seus níveis devem ser feitos em atendimentos de emergências.

 

Palavras-chaves: MiRNA. Infarto agudo do Miocárdio. Biomarcadores.

 

CIRCULATING MICRORNES AS POSSIBLE BIOMARKERS IN ACUTE MYOCARDIAL INFARCTION.

ABSTRACT

Cardiovascular diseases (CVD) are the leading causes of death worldwide, with nearly 17.9 million deaths from heart attacks or strokes, according to data from the World Health Organization (WHO). Troponins and CK-MB are the most commonly used markers in the diagnosis of acute myocardial infarction (AMI), but any acute or chronic damage can increase the levels of troponin in the serum. MicroRNAs (miRNAs) are small non-coding RNAs that can be expressed in certain pathological situations The aim of this study was to investigate in the literature randomized clinical trials involving the use of circulating miRNAs as a biomarker for AMI. The articles were extracted from PubMed and SCIELO and of 487 found, 7 were selected for the synthesis of this study. A research involving 138 individuals investigated the role of circulating miRNA-32-5p in AMI and demonstrated an increase in its expression in the AMI group. Another study of 58 people showed a significant increase in the expression of miR-26a-1, miR-146a and miR-199a-1 in the plasma of individuals who suffered AMI. It is concluded that miRNA's are possible candidates for AMI biomarkers and that studies of their levels should be done in emergency care.

 

Keywords: MiRNA. Acute myocardial infarction. Biomarkers.

 

INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a taxa de mortalidade foi quase 17,9 milhões de pessoas em 2016, com 85% dessas mortes causadas por ataques cardíacos e derrames (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2017). No Brasil, essa realidade não é diferente, dentre todas as causas de cardiomiopatia em 2016 a isquêmica lidera o ranking, desde complicações que começam com angina até a falência do órgão (NASCIMENTO et al., 2018).

As troponinas e CK-MB são os marcadores mais usados na clínica do diagnóstico do IAM. Apesar de ser considerado o padrão-ouro, deve-se ponderar que os valores da troponina podem se elevar diante de pequenos (micro) infartos, mesmo em ausência de elevação da CK-MB (MIRANDA & LIMA, 2012, p.100). De acordo com Piegas (2015, p. 6) qualquer dano agudo ou crônico pode elevar os níveis de troponina no soro.  Portanto, a dosagem de troponina pode alterar em situações clínicas, como miocardites, cardioversão elétrica, trauma cardíaco, miosites, embolia pulmonar e insuficiência renal (MIRANDA & LIMA, 2012, p. 6; ) Por conta disso, outras condições que não apresentam sinais da síndrome coronariana agudo (SCA) devem ser investigadas.

Em até 6h após a injúria, os níveis da troponina podem não ser detectados. A medida seriada da troponina também é importante para o diagnóstico correto de infarto agudo, na medida em que mais casos de aumento do marcador são detectados em outras condições agudas e crônicas (PIEGAS et al., 2015, p. 6)

Os miRNAs são pequenos RNAs não codificantes, com tamanho que variam entre 19 a 25 nucleotídeos e são responsáveis pela regulação de inúmeros genes. (CARVALHO et al., 2011). Os miRNAs desempenham um papel regulador na diferenciação celular, crescimento, proliferação, processo de apoptose e está envolvido na fisiopatologia de várias doenças (LI et al, 2019, p. 3). Esses pequenos fragmentos podem se ligar silenciando determinados genes e dependendo do cenário, os miRNA podem apresentar-se mais expressos ou não.

O objetivo desse estudo foi investigar na literatura ensaio clínicos randomizados envolvendo o uso de miRNAs circulantes como biomarcador do IAM

METODOLOGIA

Os dados usados para a síntese dessa revisão foram extraídos de bancos de dados onlines: PubMed e SCIELO. As buscas ocorreram entre os dias 10 a 12 de março de 2020 utilizando os descritores em inglês: MicroRNA, Acute myocardial infarction e Randomized clinical trials. Foram utilizados como critérios de inclusão Ensaios Clínicos Randomizados publicados nos últimos 10 anos usado o MiRNA como possível biomarcador de IAM.  De 487 artigos encontrados, 480 foram excluídos, restando 7 artigos selecionados para síntese completa do estudo.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Um estudo feito por Dai et al. envolvendo 138 indivíduos investigou o papel do miRNA-32-5p no IAM. Utilizado 88 pacientes que haviam sofrido IAM e 50 voluntário sem histórico de doenças cardiovasculares para compor o grupo controle, foi analisado a expressão do miRNA-32-5p. Na PCR em tempo real quantitativo (PCR-TRq ) foi verificado o aumento da expressão de miR32-5p no grupo IAM se comparado ao grupo saudável r=  0.694 P < 0.001. Os níveis desse miRNA se correlacionou positivamente com valor de troponina cardíaca I (cTnI), marcador bastante usado no diagnóstico de IAM sugerindo que seu uso pode servir de auxílio no diagnóstico desse mal.

Um outro estudo feito por Xue e seus colaboradores buscou determinar a relação dos miRNAs circulantes 26a-1, miR-27a, miR-30d, miR-146a, miR-199a-1 e miR-423 em 58 pacientes (31 com IAM e 27 como grupo controle). As análises por PCR-TRq demonstraram que os níveis de expressão de miR-26a-1, miR-146a e miR-199a-1 no plasma aumentaram significativamente no IAM. Esse mesmo estudo demonstrou e o uso desses biomarcadores combinados são ainda mais eficientes.

A tabela a seguir resume de uma maneira geral os miRNAs circulantes que tiveram alterações significativas em pacientes que sofreram IAM.

Expressão de MicroRNAs no IAM

Autor(es)

26a-1

miR-30d

miR-146a

miR-199a-1

Dai et al., 2020

-

aumentado

-

-

Xue et al., 2019.

aumentado

-

aumento

aumento

Tabela 1: Expressão de MiRNAs circulantes no quadro de IAM.  "-"= não dosado.

 

CONCLUSÃO

Conclui-se que os miRNA's são possíveis candidatos a biomarcadores do IAM. Embora a troponina e CK-MB sejam importante no auxílio do diagnóstico de IAM, existe a necessidade de outros biomarcadores mais sensíveis e que possam ser detectados em um intervalo de tempo relativamente menor do que os empregados atualmente.  O miRNA-32-5p é um ótimo exemplo, em que teve aumento de seus níveis plasmáticos cusando a cTnI. Recomenda-se que mais estudos sejam feitos acerca dos miRNAs e que suas dosagens comecem a ser monitorados durante os atendimentos na Unidades de Emergências Hospitalares, para que possam fornecer dados o mais próximo possível da realidade.

REFERÊNCIAS

DAI, Y., YAN, T. e GAO, Y. Silence of miR-32-5p promotes endotelial cell viability by targeting KLF2 and serves as a diagnostic biomarker of acute myocardial infarction. Diagnostic Pathology: Qingdao, 2020, p. 1-7.

LI, P. et al. Value of the expression of miR-208, miR-494, miR-499 and miR-1303 in early diagnosis of acute myocardial infarction. Life Sciences 232: Yulin, Jun. 2019, p. 1-7.

MIRANDA. R. M; LUCIANA, L. M. Marcadores bioquímicos do infarto agudo do miocárdio. Rev Med Minas Gerais: Viçosa.; v. 24(1) jul. 2012  p. 98-105.

NASCIMENTO et al. Epidemiologia das Doenças Cardiovasculares em Países de Língua Portuguesa: Dados do "Global Burden of Disease", 1990 a 2016. Arq Bras Cardiol: Rio de Janeiro, 2018; 110(6):500-511.

PIEGAS, L. S. et al.  V DIRETRIZ DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA SOBRE TRATAMENTO DO INFARTO AGUDO DO IOCÁRDIO COM SUPRADESNÍVEL DO SEGMENTO ST. Arq Bras Cardiol: Rio de Janeiro, V. 105, Nº 2, Suplemento 1, Agosto 2015

WORLD HEALTH ORGANIZATION. https://www.who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/cardiovascular-diseases-(cvds). Acessado em 12 de mar. 2020.

XUE, S et al. Circulating miR-26a-1, miR-146a and miR- 199a-1 are potential candidate biomarkers for acute myocardial infarction. Molecular Medicine: Qindao, 2019, p. 1-12.