“PARA NÓS ERA UM DIVERSÃO MEDONHA, TUDO QUE PASSAVA NA TELEVISÃO ERA UMA NOVIDADE”: MEMÓRIA, DITADURA E MODERNIDADE.

GABRIEL DE SOUSA OLIVEIRA

Co-autores: GABRIEL DE SOUSA OLIVEIRA e EDMILSON ALVES MAIA JUNIOR
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

A pesquisa pretende fazer uma análise sobre as experiências e as memórias dos cidadãos com os diversos processos de modernização na cidade de Mombaça-CE durante Ditadura Militar, esse processo está atrelado a modernização conservadora (ORTIZ, 2014) permeada no país pela plutocracia militar, visando utilizar a televisão como ferramenta de disseminação das ideias da nova ordem (MATTOS, 2010) para compor uma integração completa do território nacional (SCHWARCZ; STARLING, 2015). Usamos fontes orais para nossa pesquisa, de maneira possibilitando uma percepção mais ampla de personagens históricos que muitas vezes são preteridos pelas pesquisas. Além de relatos acerca do novo bem simbólico (RAMOS, 2004) e na companhia da energia elétrica e o rádio, eram introduzidos na sociedade mombacense, essa introdução gerou uma mudança gradual no comportamento e sociabilidade das pessoas, visto que o sonho de assistir e/ou possuir uma televisão fez as pessoas frequentarem vizinhos que possuíam o aparelho ou se dirigirem às praças de exibição pública de televisão, com o intuito de saciar a curiosidade sobre o novo bem que era inserido no cotidiano da população, algo que Certeau (1980) chama de táticas ou a "arte do fraco" frente as desigualdades impostas. A partir das entrevistas, podemos entender como era o ver televisão em um momento que a sua distribuição era tão concentrada, só havendo 105 televisores (IBGE, 1970) na cidade, quando perguntados, os entrevistados apontam as pessoas mais ricas da cidade como os detentores dos aparelhos, desmiuçando suas memórias com recordações que viveram com as televisões, recordando jogos da seleção, filmes, novelas e alguns jornais.