O trabalho tem como objeto de estudo a minissérie francesa intitulada "Toussaint
L'ouverture" (2012) e busca analisar como a minissérie retrata a França revolucionária e a
Saint-Domingue revolucionária, bem como a construção da jornada de vida do general
Toussaint L'ouverture. Produzida pela Eloa Prod e France Televisions, a minissérie é
composta de dois episódios e inicia seu enredo com a prisão de Toussaint, em 1802, no Forte
de Joux na França, onde será interrogado a mando de Napoleão Bonaparte. Através do avanço
do interrogatório, a vida de Toussaint e a revolução haitiana são contadas fazendo saltos entre
presente e passado. Para a análise da ambientação e representação das personagens históricas
e das revoluções, serão feitos contrapontos da série com nossas escolhas bibliográficas, tais
como Os Jacobinos Negros: Toussaint L'ouverture e a revolução de São Domingos (2010) de
C.L.R James e O mundo como representação (1991) de Roger Chartier. Para a compreensão
da fonte e objeto iremos nos debruçar na discussão da Escola de Frankfurt acerca da Indústria
Cultural e no desenvolvimento da Cinemateca Francesa, na segunda metade do século XX,
através da obra A Linguagem Cinematográfica (2005) do francês Marcel Martin. Nossa fonte
se situa na história recente da França, logo é importante nos questionarmos sobre que França é
essa que estamos pensando e refletindo. Que cenário político existe nesse contexto? Que
conflitos sociais, étnicos e religiosos estavam em voga nos anos que antecederam o
lançamento da obra? E principalmente, por que uma minissérie que se propõe contar a história
de uma personagem que teve papel de liderança na luta por emancipação de uma ex-colônia
foi produzida e televisionada na França? Para pensar essas questões utilizaremos discussões
como as relações étnico-raciais desse país, através de Irene Giaccherino, em Raça e nação em
questão na França contemporânea (2016).