Contemplar a história das mulheres durante todo processo de formação e continuidade da sociedade brasileira, em específico nordestina, recai em internalizar aspectos como fragilidade, maternidade e lar. Diante desses simbolismos, torna-se próprio da mulher o papel de submissão no cerne doméstico visto que as narrativas desde tempos antigos até a contemporaneidade constituem e normalizam a prática de violência de gênero em suas diversas faces. Perante esses aspectos, é válido afirmar que a violência de gênero - definida por qualquer tipo de agressão física, psicológica, sexual ou simbólica contra alguém em situação de vulnerabilidade devido sua identidade- incide no feminino muitas vezes e até mesmo exclusivamente, pela condição de ser mulher. Mediante esses aspectos, a problematização orientada a esse estudo se constitui em: por meio da subalternidade da mulher e tendo em vista a dominação do homem, como a produção da violência contra a mulher é fomentada nos autos judiciais da cidade de Crateús/CE (2005-2020)? Com isso, a problematização desta pesquisa consiste no estudo qualitativo de fontes criminais as quais delimitam o caráter indiciário de como a violência atravessa todo cenário de uma relação. O acesso aos processos judiciais no fórum da cidade de Crateús instigou o uso do filtro de arquivamento definitivo para que a política de arquivo fosse mantida. O uso operante de processos judiciais designa a pesquisa um olhar exploratório e, ao mesmo tempo, facilitador de compreender a estrutura que ampara a descrição contida nos autos judiciais. Assim sendo, a mulher é comprometida seja pela sua condição de ser, pelo meio social em que vive e até mesmo pela cultura do medo no cerne familiar estar efetivado.