Esta dissertação, ainda construção, investiga o ritual de exorcismo da igreja católica, através dos escritos de padres exorcistas que se organizaram em 1990 fundando a Associação Internacional dos Exorcistas, em resposta a uma suposta diabolização cultural que o mundo vivenciara no século XX, que seriam consequências das mudanças advindas de uma mentalidade "moderna". Esses padres produziram uma série de escritos que, organizam um discurso sobre exorcismos e possessões demoníacas, com claro objetivo de despertar os leitores para a necessidade e importância do ritual, e despertar na Igreja para a necessidade de formação de novos exorcistas, e documentam os exorcismos praticados. Esses escritos, a maioria em formato de livros, constitui as fontes dessa pesquisa, a qual a metodologia da cultura escrita nos permite ir além do que está escrito, tomando o próprio texto como um objeto histórico, buscando entendê-lo dentro de seu próprio processo de construção, possibilidades de existência, tomando esses livros como objetos de organização e circulação de conhecimentos disponíveis aos indivíduos da sociedade. Esta pesquisa se encontra em duas frentes de problematização, ao passo que busca entender, como a AIE articula seu discurso enquanto um exercício de poder que busca determinar o que um grupo pensa ou crer sob um determinado fenômeno, bem como analisa o ritual, no encontro da linguagem com a realidade, no ritual, a linguagem falada (as rezas) configuram o ato de exorcizar, agindo sobre o corpo do possuído, que responde com aversão. Quais os dispositivos psicológicos e imaginários que são ativados pelo contexto do ritual e pelo discurso sobre possessão, para que o sujeito creia não somente estar possuído, mas também está sendo liberto pela oração do padre? quais regras regem esse discurso? Como esse discurso se constrói e se configura enquanto tal? São essas, algumas perguntas que busco responder.