O DISCURSO TRANSFORMA A DIFERENÇA EM OBJETO: A FICÇÃO MUSICAL COMO RECURSO CONTRÁRIO À NARRATIVA DE PODER.

WENDELL GUEDES DA SILVA

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

É inegável que a música mexe, de algum modo, com os nossos sentidos. Ouvir uma canção pode alterar o nosso estado de humor ou aprofundá-lo. Do mesmo modo, quem compõe uma canção também tem algo a transmitir: sua percepção de mundo, estabelecer um diálogo com a realidade através de sua arte que é (ou não) algo novo e que se insere num possível campo fictício. Em outro aspecto, a letra musical é, também, um discurso que ganha eco na sociedade, podendo-vir-a-ser transmissão de uma ideia, criando identidade, reconhecimento e pertencimento de quem a ouve. Coisas que, na escrita da música, isto é, sua letra, sob um olhar mais dedicado a analisá-la, é possível encontrar o ausente, o Outro (CERTEAU, 2015) que não foi reconhecido e que retorna, sob a ótica da ficção, para desafiar a realidade, perturbando, desafiando a ordem e gerando a intranquilidade. A arte, na forma da letra musical é uma das mais de mil maneiras de decifrar nos textos uma "inquietante familiaridade". Assim, o ausente se faz presente na canção, na sua letra. Há na música possibilidades de compreensão que, por si só, a realidade não dá conta, sendo possível e necessário, recorrer a ela (a arte, de modo geral) para, de repente, darmos conta da compreensão do tempo, do espaço e da liberdade. Essas categorias e conceitos, tão caros à História, podem, numa possível relação que aqui procuramos estabelecer, entre uma teoria desenvolvida por Michel De Certeau e o letrista porto-alegrense Humberto Gessinger, nos trazer alguma luz e alguma contribuição para os estudos da teoria da História, afim de evitarmos uma narrativa que justifique formas de poder que cerceiam a liberdade que escapa à razão.