O intuito deste trabalho é apresentar, resumidamente, as contribuições teórico-metodológicas advindas de um diálogo entre historiografia e estilística. Nesse intuito, nos centraremos em apresentar, sobretudo, duas obras: O estilo na história: Gibbon, Ranke, Macaulay, Burckhardt de Peter Gay (publicado originalmente em 1974) e A história é uma literatura contemporânea: manifesto pelas ciências sociais de Ivan Jablonka (publicado originalmente em 2014). Nossa justificativa para nos concentrarmos nesses dois livros é o fato de o primeiro, ao nosso ver, inaugurar, ao menos de forma explícita, uma possibilidade contemporânea de combinação da estilística e da escrita da história, enquanto o segundo nos parece tentar atualizar essa perspectiva quarenta anos depois. Os pontos centrais que abordaremos serão as contribuições dessas abordagens para o enriquecimento do debate acerca da natureza da realidade histórica e da historiografia, assim como do estatuto do ofício do historiador em face da ficção, da literatura e das ciências. Como complemento a apresentação das obras supracitadas, nos reportaremos também a nossa dissertação (defendida em 2023 através do PPGHCE-UECE) Estilo historiográfico em E. P. Thompson: uma análise a partir de Costumes em comum onde tentamos, entre outras coisas, por em prática uma análise estilística da escrita thompsoniana, desse modo, para além de uma apresentação de repertório, buscaremos tratar de uma experiência própria através da qual nos deparamos com as virtudes e dificuldades de pôr em prática uma análise calcada duplamente na historiografia e na estilística. Sendo assim, na referida dissertação buscamos desenvolver a proposta de Peter Gay, almejando analisar o estilo em Costumes em comum a partir de três miradas analíticas: o estilo emocional, o estilo profissional e o estilo literário. Desta feita, colocamos a prova as proposições do historiador estadunidense e pretendemos comunicar no simpósio o resultado e os impasses dessa empreitada.