Este estudo aborda a interação entre as iniciativas estatais e a reação dos habitantes de Crateús-Ceará frente às recorrentes secas que atingiram esse município, com foco nos períodos de escassez mais significativos do século XX: 1915, 1932, 1958 e 1979. A análise concentra-se nas medidas adotadas pelo governo para atenuar os impactos da seca, considerando que essas épocas são marcadas pela devastação das paisagens naturais e pela impossibilidade de subsistência por meios agrícolas, realidade que, devido à falta de um planejamento público efetivo, exige uma forte atuação governamental para mitigar os problemas que a estiagem evidencia. Nessa linha, o objetivo principal é explorar as dinâmicas de poder por meio das estratégias de agenciamento dos sertanejos nesses cenários de seca. Essa pesquisa pauta-se em fontes diversificadas, incluindo periódicos nacionais como o "Diário de Pernambuco" e o "Jornal do Brasil", por meio da Hemeroteca Digital Brasileira (HDB), e regionais como o "O Povo" e "Diário do Nordeste", associados ao "O Roceiro", com acervos físicos disponíveis, respectivamente, na Biblioteca Pública Estadual do Ceará (BECE) e na Biblioteca da Diocese de Crateús. Ademais, a História Oral desempenhou um papel fundamental nesta pesquisa, visando entender os conflitos e as resistências dos que experimentaram essa fase de seca, através de suas perspectivas pessoais sobre a situação. Quanto à fundamentação teórica deste estudo, ela apoia-se na análise dos conceitos de "Táticas e Estratégias" (CERTEAU, 1998), "agenciamento" (MORAIS, 2010), "ações de massa" (NEVES, 1994) e "resistência" (SCOTT, 2013). Assim, este trabalho contribui para a historiografia do Ceará ao iluminar as narrativas dos que sofreram com a seca e suas formas de enfrentamento, evidenciando como as estratégias governamentais se consolidaram, não com o objetivo final de auxiliar essa população, mas principalmente como uma medida de controle.
Palavras-Chave: Seca; Agenciamento; Resistência.