A ESCRITA EPISTOLAR DE DOM HELDER E A DITADURA MILITAR: CARACTERÍSTICAS, RELAÇÕES E INQUIETAÇÕES

JOÃO VICTOR DE MORAIS LOPES

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

O intuito deste resumo é discutir acerca da escrita epistolar de Dom Helder Câmara e a sua ligação com a Ditadura Militar brasileira. Primeiramente, é preciso ressaltar que Dom Helder foi um bispo católico que teve grande influência no mundo durante toda sua jornada. A escrita epistolar sempre esteve presente na vida de Dom Helder, principalmente, a partir de 1962 quando inicia sua participação no Concílio Vaticano II (1962-1965). Com o início da ditadura e seu pastoreio em Olinda e Recife, Dom Helder em um primeiro momento mantinha uma relação estreita com os militares, mas isto muda posteriormente, passa a ser um grande alvo da ditadura. Durante este período Dom Helder escreveu várias cartas, sempre destinadas a alguns amigos no Rio de Janeiro e Pernambuco. As cartas, nas quais ele próprio nomeia como circulares e na maioria das vezes escritas a mão, sempre eram escritas na madrugada (vigílias), contavam sobre seu dia-a-dia, suas ações, embates com os militares e temáticas marcantes como o assassinato de Padre Henrique. Outro fato importante eram os usos de pseudônimo presentes em uma coleção de cartas encontradas com Cecília Goulart Lacerda, na qual se referiam como Frei Francisco (Dom Helder) e Frei Leão, uma referência clara a São Francisco e seu grande amigo, Frei Leão. Isso mostra, além da clara amizade entre ambos, o receio da interceptação das cartas pelos militares, pois neste período Dom Helder era figura muito famosa no mundo e tinha iniciado seu projeto Ação, Justiça e Paz, onde o teor destas cartas falavam sobre a denúncia de torturas, humanismo e temas diversos relacionados a Ditadura e ao mundo. A análise destas cartas se torna importantes para entender a relação entre igreja e ditadura, além de mostrar de forma profunda os anseios e ações de Dom Helder.