Resumo: O presente trabalho tem como objetivo identificar, analisar e explicar os problemas socioeconômicos das famílias imediatamente atingidas pela construção da Barragem de Fronteiras, na cidade de Crateús, no Estado do Ceará. Utilizando-se de uma perspectiva comparada da história (BLOCH, 1998; DETIENNE, 2016; BARROS, 2007), analisamos duas construções, o Açude Figueiredo, localizado no Médio Jaguaribe e o Açude Castanhão, localizado em Jaguaribara, e a partir daí elencamos similaridades e diferenças entre as construções já finalizadas e obra em andamento nos Sertões de Crateús, especulando também o que poderá vir a ocorrer devido ao acúmulo das experiências estudadas. Por estarem situadas em regiões onde a seca e a estiagem são corriqueiras, os moradores desses municípios recebem junto com essas obras a promessa da chegada de novos tempos, onde o progresso e o desenvolvimento entram em cena no lugar das mazelas trazidas pela falta de chuva. Porém o que se observa são famílias expulsas e desabrigadas dos seus locais, abandonadas pelo poder público e jogadas à margem da sociedade, enquanto a margem dos rios enche em favorecimento dos grandes empreendimentos. Quanto à metodologia, utilizou-se de pesquisas documentais e bibliográficas, como documentos oficiais do Governo e trabalhos já publicados anteriormente sobre a mesma temática, somados a relatos escritos e orais de moradores atingidos pelas já mencionadas construções. No que se refere aos resultados e discussão, podemos observar que o principal elemento em comum nas três construções é o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), autarquia Federal com imensos relatos de crimes ambientais e de corrupção, tendo historicamente sua direção usada como moeda de troca em diversos governos.