A Rainha do Ignoto é uma obra de 1899, da escritora cearense Emília Freitas, que tem como subtítulo a insignia de romance psicológico. Sua recepção crítica foi inconsistente, mas prevalecendo entre os críticos menções à qualidade e a tendência de uma mulher como escritora dedicada à narrativa fantástica: uma característica de leitura descompromissada. Após este momento, a obra de Emília Freitas volta a ganhar nova análise por Abelardo Montenegro, em 1953, recebendo uma crítica negativa. Relegada ao esquecimento, Otacílio Colares, por sua vez, resgata A Rainha do Ignoto em 1977. Neste caso, Colares elabora uma análise mais acadêmica e, assim, atribuindo ao texto qualidades de pioneirismo fantástico e narrativa de trama complexa. Já em 1980, a obra recebe uma segunda edição através da Professora Constância Lima Duarte. Junto à Editora Mulheres, Constância Lima Duarte alça Emília Freitas ao reconhecimento de uma importante escritora feminista, despertando, neste sentido, interesses no público contemporâneo que passa a reafirmar as características presentes na Rainha do Ignoto relativas aos problemas sociais das mulheres presentes nesta ficção. A Editora Wish, inclusive, colocou no mercado uma nova edição em 2020. Neste momento, sintetiza uma categoria, já associada na década de 2010, que é a alcunha de "a primeira obra de ficção científica do país". Partindo da análise do ofício de uma intelectual, que exerce o emprego da escrita para a construção de discursos, percebo como agentes históricos, dentro de um regime de historicidade, inseridos em contextos estabelecidos por cânones literários, passa a definir e redefinir a mulher letrada. Emília Freitas, sendo uma escritora cearense, com histórico controverso, passou por um quase esquecimento. Para além de sua relação em vida, possui questões ainda não esclarecidas que podem contribuir para a compreensão de apagamento, resgate e apropriação.