O OFÍCIO INTELECTUAL: AS CONCEPÇÕES COLETIVAS DO INSTITUTO DO CEARÁ EM TORNO DO CONCEITO REPUBLICANO DE PATRIMÔNIO (1887-1956)

PEDRO HENRIQUE DA SILVA PAES

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

O léxico relacionado ao Patrimônio Cultural penetrou na burocracia política brasileira a partir de 1937, quando foi criado o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Desde então, vocábulos como "tombamento", "conservação" e "restauro", por exemplo, passaram a fazer parte da rotina legislativa que estipulava as práticas de preservação do patrimônio brasileiro. Entretanto, antes de 1937, outros vocábulos surgiam em discursos de sujeitos interessados na preservação da cultura material nacional. No caso do Ceará, o Instituto do Ceará foi o principal órgão que elaborou concepções e discutiu coletivamente um conjunto de conceitos acionados em prol da presrvação de monumentos históricos cearenses. Aqui compreendemos que a criação ou a transformação de vocábulos ligados à política de preservação do patrimônio tornaram-se indicadores dos processos de urbanização entre o fim do século XIX e meados do século XX, uma vez que a defesa da preservação de monumentos do passado aparecia como um discurso adverso ao processo de modernização. Isto é, participar de movimentos em prol da preservação de bens materiais do passado era uma estratégia intelectual de intervir na cidade como artefato que reúne diferentes temporalidades em um mesmo espaço. Dessa forma, buscamos contribuir para a discussão teórica acerca da historicidade de conceitos caros ao campo do patrimônio, estabelecendo relações entre os processos de elaboração das ideias, as redes de sociabilidade intelectual e as efetivas práticas de preservação do patrimônio cultural, assim como da intervenção no espaço urbano. Assim, inferimos a contribuição dos intelectuais ligados ao Instituto do Ceará na formação de uma linguagem política de preservação da cultura material.