No ano de 1984 dois pequenos jornais católicos da região de Crateús se fundiram, eram o "Retrato das Paróquias" e "O Roceiro- boletim da Comissão Pastoral da Terra". Passaram a ser "O Roceiro" e representando um meio de comunicação de grande circulação e influência na mobilização dos movimentos populares. 1984 também marcava os vinte anos da Diocese de Crateús sob a direção de seu primeiro Diocesano Dom Fragoso, considerado um dos maiores expoentes da Teologia da Libertação no Brasil. A questão a ser explorada no estudo aqui apresentado trata do acervo iconográfico que ilustra as páginas daquele jornal. Nos números analisados, praticamente não há uma página sem algum desenho, desde um singelo arremate a uma ilustração de página inteira. O texto, em muitos momentos se funde à ilustração. É o caso, por exemplo, do texto "É a cruz do sistema nas costas do povo": o título está cercado por um círculo que simula ou uma coroa de espinhos ou uma cerca de arame farpado enquanto o texto que denuncia situações enfrentadas pelo trabalhador rural aparece dentro de uma grande imagem de Cristo crucificado. Louis Réau adverte que os estudos de iconologia visam, para além de descrever as imagens, interpretá-las. Este diálogo com a imagem propiciado pela perspectiva histórica, considera o contexto da produção, circulação e usos da imagem. O jornal engajado nas causas populares aproximava comparativamente o martírio do Cristo do sofrimento do trabalhador e trabalhadora diante da "carestia", "injustiça" e "violência". Para José Oscar Beozzo a ação da Teologia da Libertação pode ser descrita como "situar a reflexão teológica da intersecção da fé com a esfera econômica, política, social; ter a realidade a partir dos últimos, dos mais pobres e excluídos".