Esta pesquisa analisa o processo de apropriação do futebol pela ditadura civil-militar, durante o governo do general Emílio Garrastazu Médici, vigente entre 1969 e 1974, com o objetivo de utilizá-lo como ferramenta de controle social, construindo uma ideia de pacificação da sociedade, ainda que artificial. Desse modo, esta pesquisa aprofunda-se na construção da relação entre o governo militar e o esporte mais popular do Brasil, seus objetivos e as etapas do processo que perdurou todo o governo Médici. Identificando os aspectos, buscamos elementos que apontem o papel crucial do futebol na consolidação da ditadura civil-militar, funcionando como um mecanismo de coesão social e integração nacional para construção de uma realidade social adequada aos parâmetros do projeto nacional desenvolvimentista idealizado pelos militares. Destarte, o desenvolvimento deste trabalho é constituído a partir de uma pesquisa documental, cujas fontes utilizadas são jornais e revistas, alinhados ou não ao governo, de grande repercussão no tecido social, considerando a função importante exercida pela mídia na propagação dos ideais da ditadura através do futebol. Considerando as tentativas anteriores da utilização do potencial de mobilização produzido pelo futebol por governos de diferentes correntes políticas, entendemos que nenhum grupo interpretou melhor o papel que o esporte teria em um projeto político quanto o governo do general Médici. Neste caso, o futebol adquiriu caráter simbólico de "segurança nacional", ou seja, mecanismo fundamental no controle social das massas pela ditadura através da popularidade de Médici, se constituindo, ao lado do crescimento elevado das taxas econômicas e do sistema de repressão brutal dos opositores, as principais bases de sustentação da ditadura.