Este trabalho historiográfico examina as dinâmicas da identidade racial nas cinco maiores capitais do Brasil ao longo das últimas quatro décadas, compreendendo o período de 1980 a 2020. A pesquisa se concentra nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza e Salvador, examinando a influência de fatores socioeconômicos, políticos, pessoais, artísticos e culturais na construção das identidades raciais nas diferentes regiões do país. Com base em extensa pesquisa de campo, através de entrevistas, bem como análise crítica a partir destas, o estudo busca refletir sobre as complexas dinâmicas raciais que moldaram as experiências de pretos, pardos e brancos nessas cidades. A pesquisa parte da ótica dos sujeitos para interpretar os limites físicos e simbólicos da racialidade nas experiências cotidianas, se voltando posteriormente para o formato que análises acadêmicas trazem sobre a constituição sócio-histórica de raça no Brasil. O período escolhido coincide com mudanças significativas na história do Brasil, marcadas pelo fim da ditadura militar, a promulgação da Constituição de 1988, a reorganização do movimento negro e os debates sobre políticas de reparação histórica. Por sua vez, os centros urbanos foram selecionados devido ao constante fluxo de pessoas e perspectivas que estas trazem sobre si e sobre os outros. Sendo a miscigenação racial uma característica marcante da sociedade brasileira, as políticas públicas de ação afirmativa implementadas no final do século XX, assim como atividades do setor privado que tiveram um impacto significativo na promoção do debate racial, são levados em conta. Igualmente, aspectos identitários interseccionais, influências religiosas, o resultado das sociabilidades, as representações nos meios de comunicação entre outros elementos são organizados para dar vida às interpretações que tais sujeitos possuem de sua própria racialidade e da racialização coletiva dos mesmos.