QUEREMOS SER OUVIDOS E NÃO VOCIFERADOS

ALINE DUARTE DA GRAÇA RIZZO

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

Esta comunicação apresenta os resultados da tese "Queremos ser ouvidos e não vociferados Cooperação Sul-Sul Brasileira em Educação: Os casos da UAB Moçambique e do SENAI em Cabo Verde (2004-2014)" defendia em 2020. O presente estudo tem como objeto central um dos fenômenos globais mais relevantes do século XXI, a grande intensificação dos fluxos da Cooperação Sul-Sul (CSS), que pode ser definida como a parceria entre países do Sul Global para a promoção do desenvolvimento, e se apresenta como uma alternativa mais solidária e horizontal comparada aos esquemas tradicionais de cooperação e ajuda internacional oferecidos pelos países ditos "desenvolvidos".  Entende-se por "Sul" uma referência geopolítica que engloba países periféricos, ou em desenvolvimento, anteriormente classificados como o Terceiro Mundo. Em contrapartida, o "Norte" é composto pelos países desenvolvidos e a cooperação oferecida por eles denomina-se Cooperação Norte-Sul (CNS). Para tal, serão examinados dois estudos de caso de cooperação promovida pelo Brasil: a Universidade Aberta do Brasil (UAB) em Moçambique e o Centro de Formação Profissional de Praia (CEFPP), que serão analisados em perspectiva comparada e a partir da abordagem da História Global. O projeto UAB Moçambique foi realizado em parceria com as universidades moçambicanas Universidade Pedagógica (UP) e Universidade Eduardo Mondlane (UEM). O objetivo do programa foi a formação de profissionais nas áreas de educação básica e gestão pública em uma proposta inédita de dupla diplomação. Em Cabo Verde, o projeto Centro de Formação Profissional de Praia teve vigência entre os anos de 2004 e 2010 e previu a reforma física e reformulação institucional do antigo centro de formação da capital cabo-verdiana, oferecendo cursos profissionalizante. Três questões centrais norteiam esta pesquisa: (a) Como se articulam as relações e interesses que envolvem atores institucionais e individuais da CSS em nível local e global? (b) Quais são os limites entre os discursos e práticas da CSS? (c) Como tais discursos e práticas são percebidos, adaptados e/ou questionados por atores institucionais e individuais - brasileiros, moçambicanos e cabo-verdianos? A hipótese central defendida é que as conexões no âmbito da CSS resultam em dinâmicas em nível local e global, institucional e individual. Portanto, a análise da CSS deve considerar todos esses níveis, seus atores e suas relações.