O presente trabalho visa traçar um estudo sobre a memória que alguns militantes
do movimento negro, em especial Severo D'Acelino, tenta trazer à tona em torno do
personagem João Mulungu; buscando perceber a possibilidade de um símbolo local de
resistência se tornar um elemento agregador na construção e/ou consolidação de uma
identidade coletiva; uma vez que, de acordo com Pollak , a memória tenta definir e reforçar
sentimentos de pertencimento e fronteiras sociais entre coletividades, sendo as suas funções
essenciais manter a coesão interna e defender as fronteiras daquilo que um grupo tem em
comum. Para tanto, recorro inicialmente às documentações do século XIX, para assim
apresentar o personagem João Mulungu. Em seguida é feita a análise de como "o mais forte
elemento de resistência" da província da Sergipe passou a ser celebrado como herói negro.
Importante ressaltar a relevância dessa pesquisa, na medida em que corrobora para o estudo
das relações e disputas em torno da história, memória e identidade do movimento negro
sergipano. Mas acima disso, visa contribuir para uma reflexão no ambiente escolar sobre o
protagonismo negro. Será que tal personagem pode contribuir para construção de uma
identidade étnica e para uma maior reflexão no ambiente escolar sobre o papel do negro como
sujeito de sua própria história? Acredito que a resposta seja positiva. A introdução de um
herói quilombola sergipano no ambiente escolar é uma maneira poderosa de influenciar
positivamente a formação da identidade dos estudantes. Ao promover representatividade,
inspirar resiliência, fomentar o respeito à diversidade, estimular o diálogo intercultural e
desafiar estereótipos, esse herói se torna um catalisador valioso para a construção de uma
identidade escolar mais inclusiva e enriquecedora.