Este trabalho se insere nos estudos sobre o Carnaval de Fortaleza e tem o objetivo de compreender o processo de resistência do carnaval de rua na capital cearense ao longo dos anos de 1970 a 2000.
O período abordado compreende o início do "ciclo dos coronéis", quando o Estado do Ceará foi governado sucessivamente por César Cals, Adauto Bezerra e Virgílio Távora, estendendo-se até os anos 2000, intervalo de tempo em que percebemos a formação de diversos blocos, tais como "Quem é de bem fica", "Concentra mas não sai", além dos maracatus surgidos nessa época, por exemplo, Vozes da África e o Nação Baobab.
Portanto, pretendemos discutir como se deu a manutenção das manifestações carnavalescas nas ruas da cidade em meio um contexto de mercantilização e interiorização dos festejos, onde a iniciativa governamental, bem como a imprensa, incidiram fortemente no deslocamento da festa para as praias do interior cearense, construindo um discurso de que Fortaleza era uma cidade sem carnaval.
Assim, analisaremos quais espaços foram disputados e, consequentemente, praticados, que permitiram aos grupos populares resistirem. Além disso, buscamos compreender como a realização de tais festejos incidiram no fazer-se desses grupos, onde a experiência desses sujeitos contribuiu para a continuação do ritual carnavalesco nos moldes da cultura popular.
Nossa pesquisa parte de alguns pressupostos importantes em relação à análise acerca do carnaval de Fortaleza, pois, a compreensão do carnaval como uma festa "múltipla", onde percebe-se diversas concepções e significados, bem como o questionamento sobre a ideia da festa momesca como elemento de identidade nacional, popularmente reproduzida na frase " país do carnaval".
Por fim, nosso trabalho se valerá de fontes escritas objetivando investigar os discursos produzidos acerca do carnaval no período estudado, além de entrevistas que visem explorar a discussão dos sujeitos que realizaram o carnaval de rua de Fortaleza.