O QUE ELAS SENTIAM? - UMA ANÁLISE DOS AFETOS NO JORNAL MULHERIO

TAMIRIS SERAFIM DE MATOS

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

O jornal Mulherio foi um periódico paulista que circulou entre os anos de 1981 e 1988 e tinha como proposta central enfrentar os estereótipos relacionados às mulheres, debater pautas importantes dentro do feminismo, servindo também como meio de conexão entre grupos de mulheres para divulgar suas ideias e atividades. Luca nos aponta que a "imprensa periódica seleciona, ordena, estrutura e narra, de uma determinada forma, aquilo que se elegeu como digno de chegar até o público" (Luca, 2008, p. 139). Com base nessa premissa, a presente comunicação busca um mapeamento dos afetos que estiveram presentes nas páginas do jornal, questionando se questões relacionadas às emoções e à saúde mental foram eleitas como dignas para adentrarem as pautas dos debates realizados por essas mulheres. Os estudos sobre a história da loucura apontam que as atitudes transgressoras das mulheres serviram para os doutores instituírem patologias, validando por muito tempo a inferioridade física, mental e moral das mulheres, procurando assim apontar o lugar da mulher normal e os comportamentos que lhe seriam adequados e aceitos (RAGO, 2013. p. 239). Levando em conta as multiplicidades de mãos que escreveram para o Mulherio, tanto daquelas que faziam parte do seu conselho editorial, como Carmen Barroso, Carmen da Silva, Fúlvia Rosemberg, Lélia Gonzalez, Maria Carneiro da Cunha, Maria Moraes, Maria Rita Kehl, como também aquelas que mandavam mensagens de outros estados do Brasil, investigamos quais eram os afetos que se fizeram presentes, bem como tentamos entender o que esses afetos nos dizem quando olhamos para eles a partir de uma lente que tensione gênero, raça, classe, sexualidade, território e outros marcadores que atravessam as publicações.