É possível escrever uma História Medieval Queer? Se sim, como? Se não, porquê? Como a História, e mais especificamente a História Medieval, pode beber da fonte da teoria queer para (re)pensar a si mesma? O que este saber subalterno, subversivo e contra-hegemônico está dizendo para nós historiadores medievalistas? Este texto é um, dentre vários outros, que objetiva realizar um breve debate historiográfico acerca da escrita da História, produto da arte ou da ciência dos historiadores, e seu diálogo com a chamada teoria queer. Pretendemos realizar uma discussão sobre o modo como interpretamos o passado medieval, evidenciando as potencialidades de se "queerizar" a Idade Média. Sabemos que no campo da História a teoria queer tem sido constantemente incompreendida, atormentada, (des)historicizada, talvez por não conseguirem enquadrá-la e por não ser uma perspectiva estática, que distribui certezas. Aqui apontamos a teoria queer como um novo caminho e uma nova possibilidade para a pesquisa e escrita dos estudos sobre o medievo. Sabemos que o discurso historiográfico é produzido e refeito constantemente, que a narrativa histórica é cambiante, contingente, fragmentada e feita de diversos modos. No presente o historiador inventa, mesmo que de forma "rigorosa", o passado. A História, enquanto prática, discurso, disciplina ou artefato literário, está permanentemente produzindo uma série de discursos sobre o passado que são construídos no presente e em função dos nossos próprios interesses.