ESPAÇO E MEMÓRIA: COMUNICAÇÕES VISUAIS DE CRISTÃOS NA ANTIGUIDADE TARDIA (SÉC. III E IV)

FRANCIMAGDA ALMEIDA AVELINO

Co-autores:
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

O desenvolvimento do cristianismo foi um processo de encontros fluidos, que atravessou fronteiras políticas e culturais em um cenário diverso. Compreender tal conjuntura requer o esforço de problematizar essas dimensões, atentando para as várias formas de expressão do movimento cristão, indo da formação do imaginário social à materialização das epifanias. Assim, a trajetória cristã fundou-se em assimilações que, gradativamente, promoveram a formação identitária da religião, tendo essas condições se manifestado em produções imagéticas articuladas às experiências espaciais. Neste ínterim, fundamentando nosso debate nas contribuições da historiografia cultural e dos estudos visuais, o presente trabalho fará uma análise das composições visuais produzidas em ambientes funerários romanos, durante os séculos III e IV, focando em seus temas, elementos, contexto histórico, significado, inserção nos debates bíblico e teológico e articulação espacial. Para tanto, nossa análise irá considerar as experiências espaciais dos cristãos nos ambientes funerários, dando ênfase aos ritos e cruzamentos culturais que produziram as fontes imagéticas. Nesse sentido, se estabelecerá uma análise de algumas catacumbas romanas, de suas origens e estruturas arquitetônicas, bem como dos ritos funerários, de forma que compreendamos o papel exercido pelo ideal mortuário nas práticas identitárias cristãs. Tal análise considera o espaço como um núcleo no qual imaginário e prática convergem e, portanto, como meio fundamental para a produção de memória coletiva. Dentre as imagens, iremos analisar três motivos iconográficos que se repetem, a saber: ornamentos, símbolos e motivos ressignificados; representações de narrativas bíblicas; e representações de Cristo, santos e mártires. Enfim, num último momento, analisaremos as produções imagéticas em suas atuações socioculturais, seus significados e suas consequências, entendendo-as como mídias de identificação religiosa e memória cultural.