A Festa de Iemanjá de Fortaleza é um evento que acontece nos dias 14 e 15 de agosto na capital cearense, reunindo nas praias e nos terreiros inúmeros fiéis que desejam cultuar a orixá que é ligada aos mares. As memórias da origem da festa na cidade são atreladas à figura de Mãe Julia Barbosa Condante, mulher negra e portuguesa, que inicia o festejo à Iemanjá na Praia do Futuro em meados da década de 60, de acordo com o antropólogo Jean dos Anjos. Dos anos 60 até o presente momento, a festa foi ganhando novos contornos e incorporando novos sentidos, como por exemplo, o fato de ter sido registrada em 2018 pela prefeitura de Fortaleza por meio de sua Secretaria da Cultura de Fortaleza (Secultfor) como patrimônio cultural da cidade, com sua inscrição no livro das Celebrações a partir do decreto n° 14.262. Neste sentido, o presente trabalho tem por objetivo investigar como o aspecto étnico-racial, indissociável da festa, atravessa o processo de patrimonialização do festejo. Para o cumprimento desta proposta, autores como Martha Abreu, Zélia da Silva, Márcia Sant'Anna e Antônio Nogueira foram basilares. A metodologia de entrecruzamento de fontes, entre elas, o Dossiê Imaterialidades Festa de Iemanjá de Fortaleza publicado pela Secultfor e fontes hemerográficas do Diário do Nordeste e Jornal O Povo, foi fundamental para a realização do estudo. No atual estágio da pesquisa, concluímos que o caráter étnico-racial especifica a narrativa sobre o patrimônio, onde a Festa é referida como um legado da presença afro-indígena no Ceará, e indica os caminhos para a sua salvaguarda, que ainda ressaltam aspectos simples para a existência da festividade, como a garantia da segurança em meio a tanta intolerância religiosa. A pesquisa possui financiamento CAPES/CNPQ e é atrelada ao GEPPM/UFC.