A CONSTRUÇÃO E O FIM DE UM BANDIDO: VIDA, TRAJETÓRIA E MORTE DE FERNANDO DA GATA NAS PÁGINAS DOS JORNAIS CEARENSES (1982)

FRANCISCA EUDÉSIA NOBRE BEZERRA

Co-autores: FRANCISCA EUDÉSIA NOBRE BEZERRA
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

 

Em 1982 uma morte se tornou espetáculo midiático. Jornais escritos e televisionados de vários locais do país anunciaram o fim da vida do famoso bandido cearense Fernando Soares Pereira, vulgo Fernando da Gata. Ele foi um ladrão e maníaco sexual que aterrorizou a cidade de Russas e região circunvizinhas, no Ceará, até a década de 1970 quando migrou para São Paulo e por lá continuou praticando crimes. Após uma caçada de meses pela polícia paulista e mineira, foi morto em Santa Rita do Sapucaí, sul de Minas Gerais. Após a morte, seu corpo foi exposto ao público, como o caçador expõe sua caça, porém, no sepultamento não foi permitido a presença do público. Duas semanas após, o corpo de Fernando da Gata foi exumado para que suas digitais fossem colhidas para confirmar se de fato o corpo enterrado era mesmo do bandido mais procurado do Brasil naquele momento. Após a exumação, o corpo foi transportado ao Ceará, onde mais uma vez chamou atenção da população que se aglomerou para ver os restos mortais do bandido. Essa morte foi vastamente explorada pelos jornais cearense Tribuna do Ceará, O Povo e Diário do Nordeste. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é analisar, a partir dos jornais citados, como se deu a  construção social e o fim do bandido através das narrativas jornalísticas que exploraram a vida, trajetória e morte desse sujeito. Nas matérias dos jornais são frequentes histórias do imaginário popular que vão desde as façanhas, crendices e lendas até pacto com o diabo que eram atribuídos a Fernando da Gata. Dessa forma contribuíram e alimentaram o imaginário social e o medo da população.