O tema "lutas e artes marciais" faz parte da matriz curricular da disciplina de Educação Física escolar, porém, em muitos casos este conteúdo é restringido ou pouco abordado no decorrer das aulas, pelo fato de o associarem à violência, conceito geralmente formado por pessoas que não vivenciaram as artes marciais. Outras dificuldades apontadas pelos professores são a falta de material para execução das aulas e a não afinidade com as diversas práticas marciais existentes. A proposta deste trabalho foi de realizar uma análise crítica sobre o tema e baseado nessa reflexão, elaborar atividades que podem ser aplicadas nas aulas práticas e contraponham a associação das lutas com a violência, através de uma abordagem lúdica que gere uma reflexão sobre o conteúdo. Além disso, apresentar outros aspectos que podem ser explorados nos eixos conceituais, procedimentais e principalmente atitudinais, uma vez que os mesmos podem influir diretamente no comportamento do aluno, ajudando-o a construir uma ética e moral baseado na filosofia das artes marciais. O trabalho irá se basear principalmente nas artes marciais provindas do oriente, especificamente o Kung Fu/Wushu, estilo Shaolin do Norte. Foi feita uma análise crítica de artigos relacionados ao tema, e com base nas dificuldades de aplicação dos conteúdos práticos das artes marciais nas aulas de Educação Física apresentados na pesquisa bibliográfica, foram elaboradas dez atividades práticas inspiradas no Kung Fu/Wushu estilo Shaolin do Norte que podem ser facilmente aplicadas para crianças a partir de sete anos de idade, pois a partir dessa faixa etária, as crianças já possuem características psicomotoras mais maduras. A aplicação das mesmas não exige experiência ou conhecimento aprofundado das movimentações do Kung Fu/Wushu pelo professor que for ministra-las. Foi constatado que em diversos casos, os professores tem utilizado os jogos de oposição para a aplicação prática dos conteúdos de lutas, uma vez que os mesmos podem ser executados de forma lúdica e simples, entretanto algumas dessas atividades focam apenas o aspecto motor, e são esvaziados dos princípios filosóficos que as artes marciais orientais poderiam proporcionar aos alunos, conceitos que enriquecem a dimensão atitudinal e que devem estar presentes na Educação Física escolar, para a formação do aluno como um ser pensante, para que ele não construa apenas um corpo fisicamente saudável e mentalmente vazio, ajudando assim a proporcionar um equilíbrio entre os aspectos cognitivos e motrizes.