O bullying é um tipo de violência que tem sido cada vez mais percebido nas escolas, em especial durante as aulas de Educação Física, considerado um ambiente propício para sua ocorrência devido à maior exposição dos corpos e de suas habilidades. Este estudo teve por objetivo investigar como alunos do ensino médio que já sofreram práticas de bullying em aulas de Educação Física percebem e reagem a este fenômeno. Para isto foi realizada uma pesquisa de abordagem quantitativa com 20 adolescentes, sendo oito do sexo masculino e nove do sexo feminino, entre 15 e 17 anos, devidamente matriculados em três escolas públicas estaduais localizadas em bairros de alto índice de violência do município de Caucaia-CE. A coleta dos dados se deu por meio da aplicação de um questionário composto por sete perguntas em que os participantes revelaram a predominância do sexo dos agressores, a frequência com que foram vítimas de tais ocorrências e as formas de agressão que mais se manifestaram nas aulas da referida disciplina. Os resultados apontaram que 6 dos 20 participantes já foram vítimas de bullying. Destes 6, quatro são mulheres e 2 são homens, quatro afirmaram que os homens são os agressores mais recorrentes. Com relação à frequência, quatro afirmaram que passaram por esta situação poucas vezes e dois deles indicaram ter sido vítimas várias vezes. Dentre os tipos de bullying mais praticados, os xingamentos e apelidos foram indicados por quatro deles; difamações sobre as vítimas ou suas famílias foram relatadas por um; as redes sociais foram apontadas por uma das vítimas como meio pelo qual sofreu bullying. Segundo quatro participantes do estudo, eles acreditam que sofreram bullying por serem gordos(as) ou magros(as), um assinalou que o acontecido se deve ao fator de ser alto(a) ou baixo(a), um por sua cor ou raça e outro por não ser bom nos esportes. A maioria das vítimas, quatro, informou que não procurou ajuda, as demais, duas, informaram que pediram ajuda a família e a direção da escola. Os participantes também pontuaram as consequências desta violência: três das vítimas revelaram que devido ao ocorrido não quiseram mais participar mais das atividades nas aulas de Educação Física; uma afirmou que sentiu medo e ficou assustada; uma não quis mais frequentar a escola e uma assinalou que achou normal. A principal reação relatada pelas vítimas, três delas, foi revidar a agressão contra quem os agrediu, uma das vítimas revidou a agressão em terceiros e uma relatou não ter feito nada. Conclui-se, portanto, que as mulheres foram as principais vítimas do bullying, que a frequência com que ocorrem as agressões foi baixa e a maioria dos ataques foram realizados por homens de forma direta. Que o principal motivo para o bullying foi a aparência física e que a maioria das vítimas prefere silenciar, pois sentem medo e ficam assustadas. A maioria das vítimas revidaram as agressões, mantendo assim um ciclo de violência. Finalizamos este estudo com a convicção de que são necessários a criação de programas voltados para a erradicação da violência no ambiente escolar, para que todos possam usufruir dos benefícios desta instituição de maneira satisfatória.