O desenvolvimento de doenças cardiovasculares são causadas pela associação de fatores de risco como excesso de peso, obesidade, pressão arterial elevada, inatividade física, entre outros. O objetivo deste trabalho é identificar fatores de risco para comorbidades cardiovasculares (CMC) em escolares. Amostra foi de 164 crianças, ambos os sexos, com idades compreendidas entre 6 a 12 anos. Estas foram divididas em três grupos, conforme a classificação do índice de massa corporal (IMC) (Cole et al, 2000): Grupo Normal - GN = 93 crianças; Grupo Excesso de peso - GE = 38 crianças; Grupo Obesidade - GO = 33 crianças. A coleta de dados constou da verificação da massa corporal, estatura, IMC, circunferência da cintura, relação cintura/estatura (RCE), pressão arterial e composição corporal. Para análise estatística utilizou-se o Statistical Package for Social Science. Verificou-se a normalidade e homogeneidade das variáveis e análise mediante média, desvio padrão, mínimo, máximo e ANOVA (one way), Post-Hoc Bonferroni. A média do IMC das crianças do GN foi de 16,8 ± 1,5 kg/m², do GE foi de 20,6 ± 1,8 kg/m², e do GO foi de 25,1 ± 2,8 kg/m². Para a média da circunferência da cintura, foram apresentados números superiores aos recomendados para os padrões de saúde (RECH; HALPERN, 2011) no grupo GE, 68,1 ± 7,2 cm, e GO, 77,9 ± 8,1 cm, indicando risco para desenvolver doenças cardiovasculares. No que se refere RCE, apenas a média do grupo GO, 0,56 ± 0,05 cm, indica obesidade abdominal. Relação está fortemente associada a diversos fatores de risco cardiovasculares (MCARDLE, 2008). Entretanto, para pressão arterial sistólica e diastólica em GN (99,6 ± 14,5 mmHg e 63,5 ± 13,0 mmHg), GE (97,2 ± 12,3 mmHg e 62,9 ± 9,0 mmHg) e GO (105,0 ± 13,96 mmHg e 64,7 ± 10,69 mmHg) estavam abaixo do percentil 90, indicando um estado normotenso nas crianças (WHO, 1995). A análise da média de percentual de gordura aponta valores acima dos recomendados para normalidade nos grupos GE (26,2 ± 4,58%) e GO (33,33 ± 5,15%), indicando uma situação de obesidade (LOHMAN, 1987 apud PETROSKI, 2003). No teste ANOVA, observou-se diferenças significativas entre o grupo GN, GE e GO, em relação as variáveis: IMC, circunferência da cintura, RCE, pressão arterial sistólica (GE e GO) e porcentagem de gordura. É indispensável a mensuração de variáveis antropométricas e de composição corporal em crianças e adolescentes escolares para diagnóstico precoce de fatores de risco para CMC.
REFERÊNCIAS
COLE, T. J. et al. Establishing A Standard Definition For Child Overweight And Obesity Worldwide: International Survey. Br. Med. J., v. 320, n. 7244, p.1240-1243, 2000.
MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício: Energia, nutrição e desempenho humano. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
PETROSKI, E. L. Antropometria: técnicas e padronizações. 2ªed. Porto Alegre: Fontoura, 160p., 2003.
RECH, R. R.; HALPERN, R. Obesidade infantil: perfil epidemiológico e fatores associados. Caxias do Sul, RS: Educs, 2011.
WHO. Technical reports series 854 physical status. The use and interpretation of anthropometry. Geneva, WHO (Technical Report Series nº 854), 1995.