Resumo: A Lagoa costeira de Uruaú, compete ao Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) Metropolitana de Fortaleza, pertencente ao município de Beberibe-CE, exibindo diversificados componentes paisagísticos e ecossistêmicos, no qual têm sido utilizadas para diversos fins, dentre eles, área de lazer, valorização imobiliária e turística da região. Porém, os moradores nativos vêm sofrendo com a falta de planejamento adequado do uso e ocupação da planície litorânea, o que vem trazendo importantes impactos socioambientais a comunidade local, principalmente com a crescente degradação das feições desse sistema natural. Assim, objetivou-se analisar a percepção dos nativos junto aos problemas ocasionados pela ocupação e impacto socioambiental na região da Lagoa costeira de Uruaú. Trata-se de uma pesquisa descritiva de abordagem qualitativa, sendo desenvolvida por meio de entrevistas junto a dois nativos, acerca de obter informações e analisar as respostas dos mesmos, onde foi possível o acesso aos registros fotográficos antes, problemas encontrados, apontados e argumentados pelos mesmos e os causados pela ocupação no ambiente atual. A escolha dessa localidade para a vigente entrevista, decorreu devido aos investimentos relacionados ao turismo, pela qual essa região vem passando desde 1992, ocasionando aumento significativo de obras e atividades turísticas, impactando negativamente com tais modificações. Percebeu-se nos últimos 30 anos a construção de muitos empreendimentos, tais como condomínios fechados, casas de veraneio de grandes portes, construídos e ocupados as margens da Lagoa, que avançam no leito do corpo hídrico, construídos com muros que impedem a visibilidade paisagística com perda de mata verde e nativa da região. Desmatamento, ocupações irregulares, descarte impróprio de resíduos, pesca proibida, contaminação da Lagoa com óleo de lanchas, usadas e frequentadas por turistas, veículos sobre as dunas, não respeitando a legislação vigente, foram as impacções mais citadas pelos moradores ribeirinhos. Isso tem afetado direta ou indiretamente a saúde, segurança e qualidade de vida da comunidade. Os impactos socioambientais vistos na comunidade são ocasionados por falhas do cumprimento da legislação ao não exigir medidas que possam impedir a ocupação e utilização de recursos demasiados, atuando na minimização do processo de ocupação e que não favoreçam em excesso a especulação imobiliária e o turismo, pois assim, coloca em risco e prejudica os nativos. Levando em consideração a vulnerabilidade dos mesmos, o olhar do nativo é um importante instrumento, devendo esse olhar ser também um parâmetro que ajuda analisar essa mudança de paisagem, sendo usado em estudos futuros para colaborar na busca de mais compromisso e preservação socioambiental em torno da Lagoa.