PROJETO RECONECTAR E A ECOPSICOLOGIA NO PROCESSO DE ACOLHIMENTO DE MÃES DE CRIANÇAS PORTADORAS DO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISMO (TEA)

EVELYN LOPES TAVEIRA

Co-autores: MARCELA BERNARDES PORTELA, LISE MARY SOARES SOUZA e GERMANA COSTA PAIXÃO
Tipo de Apresentação: Oral

Resumo

A ecopsicologia é uma vertente da psicologia tradicional que busca, por meio da conexão homem e natureza, oferecer o tratamento psíquico necessário a partir do entendimento do aqui e agora. Tal iniciativa possui o intuito de devolver ao ser humano a capacidade de conectar-se com si e com o meio ambiente, apresentando-lhe a importância da ecologia como sustento para a pluralidade ao qual esse estará inserido, seja enquanto sujeito a modificar ou modificado. Através de estudos desenvolvidos por bolsistas do Projeto de Extensão Reconectar sobre a temática supracitada, em parceria com o projeto Integrar-se, ocorreu a construção do Jardim Sensorial para o atendimento das mães e crianças portadoras do espectro autista no município de Itaiçaba/CE. Dentro desse contexto, o presente trabalho objetivou possibilitar um novo olhar, diante do diagnóstico do TEA, enfrentado pelas mães e familiares, a partir do acolhimento das dores geradas pela falta de acesso a informações que possibilitem o tratamento adequado do portador, a exclusão social sofrida em virtude do preconceito existente, e recobrar a memória dessas a figura interior que fora esquecida, mas que as adversidades não a anulam. Para tanto, realizou-se uma análise em livros e artigos sobre os 53 sentidos humanos já catalogados pela psicologia e trabalhados na ecopsicologia. Logo após, foi realizada uma seleção de quais poderiam ser desenvolvidos, no intuito de tornar o ambiente democrático, atendendo as necessidades das mães e suas crianças. Os sentidos mais trabalhados foram o tato, através de oficinas de argila que estimularam o desenvolvimento da motricidade fina e o olfato com a apresentação de flores, chás e ervas. Ao longo do percurso, de março a dezembro/2021, pôde-se analisar que os estímulos engendraram, entre mães e filhos, um alicerce nas relações com o trabalho em grupo de descobrimento que foi instigado. O grupo, que inicialmente contava com cerca de cinco mulheres, ao final conseguiu abraçar mais de vinte famílias, unidos em prol da recuperação psíquica pessoal, desenvolvimento cognitivo, sensorial e comportamental das crianças ali acompanhadas, bem como a união da comunidade em torno de um assunto antes pouco debatido. O processo de inserção da ecopsicologia no que tange o acolhimento dos processos enfrentados pelas famílias do município de Itaiçaba, trouxe impactos positivos não apenas para aqueles que contavam com crianças portadoras do TEA, mas também a todos aqueles que desejam desenvolver-se através da natureza pessoal existente em cada um. Notou-se que a utilização da construção do jardim sensorial como forma de terapia em grupo possibilitou a chance de um tratamento mais ativo e autônomo, o que permitiu ao grupo o entendimento do sentimento intrínseco às questões tratadas.