A MEMÓRIA E ORALIDADE COMO DIFUSORES DO SANTO DAIME E DA CURA.
Izabelle do Vale Sousa
Eixo: História, Memória e Oralidade.
Este trabalho tem o objetivo de analisar as noções de cura dentro da tradição do Santo Daime, através dos relatos das experiências dos praticantes desta religião, tomando como pontos de referência o consumo da ayahuasca, os hinos cantados durante os rituais, além dos fundamentos instituídos pelo fundador Mestre Irineu. O Santo Daime é uma religião genuinamente brasileira, fundada em 1930, oriunda da região amazônica do país e tem como principal característica o consumo da bebida milenar ayahuasca, que é uma bebida enteógena, ou seja, que ao ser ingerida, proporciona a ligação entre o indivíduo e a força superior, que rege o mundo espiritual, além de visões relativas ao autoconhecimento. Para os daimistas, o enteógeno representa, no sentido literal, o meio por qual o ser humano se conecta com o a força divina. Acredita-se também que durante as experiências, após o consumo do chá, o sujeito se cura de enfermidades, físicas e espirituais, na busca de uma evolução espiritual. Através da ingestão da bebida, os símbolos e o próprio mito de origem do Santo Daime, ganham força e são materializados através do canto dos hinos, que transmitem todo o preceito doutrinário deixado pelo fundador. Dessa forma, analisarei como a memória é resgatada, interpretada, valorizada e transmitida pelo grupo através do canto e das experiências subjetivas, incluindo o auto conhecimento e o discurso dos dirigentes das igrejas do Nordeste brasileiro.