Este artigo analisa o estreitamento da relação entre história, política e futebol no Brasil através da memória de torcedores pertencentes a um modelo de torcida criado no início dos anos 2000, as torcidas antifascistas. Trata-se de uma investigação pautada na metodologia da História Oral sobre a memória dos membros da Torcida Ultras Resistencia Coral, que atribuem a este grupo a primeira torcida antifascista no Brasil, fundada em 2005. Nesse sentido, discutiremos os aspectos presentes no discurso dos torcedores, entre eles o antifascismo, o antirracismo, a anti-homofobia, contra a violência e o avanço de um conservadorismo em diversos âmbitos do futebol. Constantemente, portanto, este trabalho aproxima-se e se distancia do futebol ao analisar pautas sociais e políticas do tempo presente, tendo a torcida Ultras Resistencia Coral como uma observação microscópica para questões gerais da realidade histórica. Revela-se como fundamental para esta proposta de estudo, além de fonte, ter a memória como objeto de reflexão, problematizando a memoria individual, social, suas transmissões e recordações. Far-se-á uso também de outras fontes, principalmente da interpretação das imagens e do material produzido pelos torcedores.