A presente pesquisa visa compreender o papel desempenhado pelos docentes da Universidade Federal de Sergipe, no período de 1979 a 1988, dentro do processo de redemocratização do Brasil. Incluindo, a trajetória da fundação da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe (ADUFS), em novembro de 1979. Vinculada às movimentações de caráter nacional para a criação da Associação Nacional dos Docentes de Ensino Superior (ANDES), junto à outras associações organizadas por local de trabalho, na década de 1970.
Na articulação ampla de reivindicações e ações da classe trabalhadora, o movimento docente estava em diálogo com o chamado 'novo sindicalismo', contribuindo na construção da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em 1981, em oposição ao sindicalismo implantado por Vargas, orientado pela política de conciliação de classes e de atrelamento ao Estado. A central foi essencial na luta pela redemocratização no país, tendo como principal reivindicação a Assembleia Constituinte, com novas eleições diretas para Presidente da República, inclusive, para os reitores das instituições públicas de ensino superior. Com a aprovação da nova carta constitucional, em 1988, a ANDES também se transformaria em sindicato nacional (anexando a sigla SN), dando amplo direito a sindicalização dos servidores públicos a essa associação, fortalecendo sua disputa política frente ao Estado.
Os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa são baseados na História Oral. Inicialmente, com o levantamento bibliográfico em torno da temática Memória, Identidade e Movimento Docente. Somado, a análise das entrevistas com os docentes, principalmente, dirigentes sindicais, trazendo nas suas trajetórias as tensões, decisões, greves, entre outros, da organização local e nacional. E por fim, dos documentos escritos e visuais encontrados na Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior, na Associação de Docentes da Universidade Federal de Sergipe e no Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Sergipe. Principalmente, atas de congressos e encontros, jornais, ofícios, Jornais Candeeiro, dos Cadernos ANDES. Por ser inédita na historiografia sergipana, a pesquisa busca contribuir com a superação de leituras deterministas da história do movimento docente, revelando dimensões da memória e da identidade sindical, que se articulam ao contexto político e social no período.